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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

SONETO DE NATAL - Machado de Assis

Um homem, — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,



Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.



Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.



E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
"Mudaria o Natal ou mudei eu?"




Na década de 70, quando então trabalhava na biblioteca David Santos, no Sindicato dos Contabilistas de São Paulo, um soneto me encontra e jamais de mim se aparta.
Não posso precisar de onde ele viera, quem o trouxera, apenas sei que desse dia em diante houve uma grande transformação em mim. Já não mais conseguia enxergar o natal da mesma forma.
O tempo passou, o registro daquele encontro não foi possível e a busca foi incessante, até que, um dia, a internet me encontra e lá estava ele, não apenas um mais vários, poderia ser escolhido em sites diversos - Soneto de Natal de Machado de Assis.
Que maravilhoso encontro. 
Sim caro amigo escritor, os tempos mudaram, se transformaram, trouxeram novos veículos de comunicação. Enriqueceram-nos por vários ângulos, porém, empobreceram-nos em outros tantos, mas o que sei somente é que tentei colocar minhas palavras inspiradas em suas  - caro poeta, brilhante escritor. 
Perdoe-me por não conseguir o esmero da rima, da colocação dos versos, mas foi o melhor que pude absorver.
Esse encontro somente foi possível pois a mudança ocorrera. 
Assim, não há dúvidas de que mudamos realmente dia após dia, o que também é necessário, porque afinal: 


"Mudaria o natal ou mudei eu"




MUDANÇAS


Inajá Martins de Almeida


Uma mulher - retalhos de lembrança
Do natal, noite fria.
O céu azul, raios de luar, a poesia
Traz para seu coração, bonança.

De vazias mãos se lança ao verso.
Quer para o papel transportar
A memória, já quase a se apagar,
Na contramão do metro, adverso.

E o soneto busca as rimas, enquanto a pena
Vacila e rodopia, entre a inspiração
Do momento e a saudade que sente

Daquele frio natal - noite nazarena!
E, do passado, a buscar a criança, em vão,
No presente encontra a mulher - seu melhor presente!

sábado, 18 de dezembro de 2010

O MESTRE DA VIDA - Augusto Cury

"Ele brilhou onde não havia nenhum raio de sol. 
Depois que ele passou pela Terra nunca mais fomos os mesmos".

(Augusto Cury)

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É tempo de Natal. O espírito natalino paira no ar, nos corações, nas emoções. 
Que maravilhoso se pudéssemos fazê-lo e senti-lo todos os dias de nossas vidas.
Podemos, basta querer!
O momento é mágico.
O ambiente é propício.
Jovens músicos compõem o cenário arquitetônico de uma catedral num belíssimo recital sinfônico.
 Orquestra Sinfônica de Heliópolis e o Coral da Gente, do Instituto Baccarelli, se apresentam em São Carlos.
Em casa, Elvio me surpreende ao me presentear com um livro. 
Não um livro a mais para minha, ou nossa biblioteca, mas um livro especial.
Agora é o volume três da coleção Análise da Inteligência de Cristo que adentra nossos lares e nossos corações:
"O Mestre da Vida", na interpretação daquele que, sob meu gosto e ponto de vista é nosso maior e melhor escritor na atualidade.

"Torturado, Jesus demonstrou esplêndida coragem e segurança. No extremo da dor física, produziu frases poéticas. No topo da humilhação, expressou serenidade. Quando não havia condições de proferir palavras, ensinou pelo silêncio, pelo olhar, pelas reações tranquilas e, algumas vezes , por suas lágrimas".

"O carpinteiro de Nazaré entalhava madeira com as mãos; com palavras, a emoção humana. Como pôde alguém de mãos tão ásperas ser tão hábil em penetrar nos segredos da nossa alma?

"Jesus encantava as pessoas com suas palavras..."

Augusto Cury, psiquiatra, pesquisador, escritor, poeta - mestre no conhecimento da mente humana e das palavras.
Com maestria singular, sabe penetrar os meandros da mente humana, com a mesma destreza com que trabalha as palavras.

Para mim, o presente neste momento, não poderia ter sido mais significativo.   
   
Veja alguns lances da palestra realizada no Teatro La Salle na cidade de São Carlos no dia 26 de agosto de 2010
http://saocarlosemimagens.blogspot.com/2010/08/augusto-cury-palestra-sao-carlos.html

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comentários: Inajá Martins de Almeida

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Cury, Augusto.   O mestre da vida: Jesus, o maior semeador de alegria, liberdade e esperança  /  Augusto Cury.   Rio de Janeiro:  Sextante, 2006.  (Análise da Inteligência de Cristo; v. 3)

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ENSINAR APRENDENDO - Içami Tiba

Logo no início o autor nos fala que não existe pessoa alguma que não tenha sido aluno e não tenha tido um professor.  Assim como quanto mais se ensina, mais se aprende e quanto mais se aprende, mais se quer ensinar.

Realmente estar entre alunos é uma troca gratificante. Aprendemos com a troca mútua. Há frustrações, pois gostaríamos que todos assimilassem informações, a transformassem em conhecimento e com a vivência, em sabedoria. Alguns, até conseguirão. Encontrarão o caminho; alguns se tornarão melhores que seus professores: galgarão prêmios, entenderão que: 


"a educação é sangue que leva o conhecimento para alimentar, formar e organizar a cidadania progressiva existente em cada aluno - tão importante e necessária para a civilização".

Assim é que ensinar e aprender são duas faces da mesma moeda. Se aprendemos algo, e nos satisfazemos com aquele conhecimento é evidente que queremos passá-lo. Mas ao mesmo tempo, como motivar o aluno; como motivar o professor para que haja interatividade. Agrada-se uns, desagrada-se outros, quem sabe até na maior proporção.

Hoje os jovens tem muitos interesses e poucas vontades, razão pela qual deve o professor buscar subsídios para gerar empatia. É difícil, mas não impossível.

Embora apenas num dia da semana, também estou em sala de aula. Orientamos jovens numa ONG e minha preocupação é constante, pois temos de pensar na orientação como formação do cidadão, mais do que em qualquer outro tempo, em que se impunha pela força.


"Ensinar é um gesto de generosidade, humanidade, humildade e amor". 

Leitura significativa para aqueles que querem fazer e abstrair da profissão uma verdadeira lição de vida.

postagem e comentários de Inajá Martins de Almeida
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Tiba, Içami.  Ensinar aprendendo: novos paradigmas na educação   /  Içami Tiba   - 18 ed.rev. e atual.  -  São Paulo : Integrare Editora, 2006.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O SEMEADOR DE IDEIAS - Augusto Cury

Há encontros fascinantes e diálogos surpreendentes. 

O autor nos chama atenção para os grandes pensadores, os grandes filósofos quando então nos exorta que tudo pode acontecer quando eles apenas se encontram "nas páginas dos livros, mas não nos alicerces da psique da juventude. Não basta lê-los, é preciso vivê-los. Quando os livros não estão dentro dos alunos, espere tudo de uma nação. Livros nas bibliotecas são inúteis, não são livros, são papéis e tinta". (pág. 96)

Logo na capa o autor nos chama atenção para nossa atitude, caso o mundo sobre nós desabasse e no prefácio dá sinais do que nos espera nas suas mais de duzentas e cinquenta páginas.


Era "um homem internacionalmente poderoso que descobriu que a existência é uma brincadeira no tempo e que o sucesso é cíclico... percorreu lugares distantes e inóspitos, travou batalhas enormes e depois de muitas fadigas descobriu que tudo o que procurava estava mais próximo do que imaginava". 


Permito-me um adendo. Um chamado a outros textos que se apresentam quando o Senhor nos pede que o invoquemos... "Eu sou aquele que sonda mentes e corações... leia todo o texto em...

foto - Dr. Augusto Cury, Elvio e Inajá - Teatro La Salle (São Carlos/SP) 26/08/2010



"... somos meninos brincando no teatro do tempo... 
todo conhecimento que temos, ainda não nos levou ao subsolo do nosso inconsciente..." continue lendo

Também pude perceber o quanto o tempo fez sua conta em meu viver e mal tive tempo em fazer tanta conta, pois a conta me levava conta sem conta. Trocadilhos, metáforas que passei para o papel, num poema em forma de soneto composto há tempo atrás, quando me dei conta de minhas próprias contas na "CONTA DO TEMPO" ... confira

O mundo desabou sobre esse homem. Tornou-se um colecionador de lágrimas... saiu em busca do seu próprio ser.. fez grandes descobertas... descobriu que a indústria da informação contraiu a formação de mentes pensantes... a sociedade digital estava criando ilhas humanas... 

Mas também "por onde andava reunia pessoas feridas, deprimidas, mutiladas emocionalmente... Cuidou delas como um pai, protegeu-as como um amigo e as nutriu como um semeador de ideias".

Não há como deixar de se envolver em suas linhas. Não há como não se encontrar em traços biográficos irmanados ao personagem e ao autor, porque "a sede de respostas e os questionamentos que pulsavam na mente do protagonista pulsam também em mim"...  como nesta que está a escrever.


Ademais, "os artistas produzem esculturas, mas, às vezes, quem mais se fascina diante das suas obras são os que nunca pegaram em instrumentos para lapidar a madeira o o mármore. Os poetas produzem suas poesias, mas os leitores, ao interpretá-las, podem viajar tanto ou mais nelas, do que os próprios poetas. Na realidade, ao ler um livro os leitores alçam voos particulares, produzem suas próprias obras literárias". (pág. 147/148) 


Caro leitor. Você encontra outros textos em: 

http://momentodeler.blogspot.com.br/

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Comentários e formatação de Inajá Martins de Almeida
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Cury, Augusto.   O semeador de ideias   /   Augusto Cury.  São Paulo: Editora Academia de Inteligência, 2010.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

MONTEIRO LOBATO: o editor do Brasil - Cassiano Nunes

Amo Monteiro Lobato. Com ele nos aventurávamos em seu Sítio, juntamente com seus personagens: primeiro através das páginas dos livros, depois nas telas em preto e branco e a cores, com o passar, embora já adultos, ele continuava fascinando, com suas histórias instigantes. Emília símbolo da  irreverência e rebeldia. Que bom que ele estivesse farto da escrita para marmanjos: 

"Ando com idéias de entrar para esse caminho: livros para crianças. De escrever para marmanjos já me enjoei. Bichos sem graça! Mas, para crianças, um livro é todo um mundo... Tenho em composição um livro absolutamente original - Reinações de Narizinho -... Estou gostando tanto, que brigarei com quem não gostar. Estupendo Rangel! E os novos livros que tenho na cabeça são ainda mais originais. Vou fazer um verdadeiro rocambole infantil, coisa que não acaba mais". 

Em outro trecho fala de descaso por aqueles que serão o futuro desta nação: 

"Uma coisa sempre me horrorizou: foi ver o descaso brasileiro pela criança, isto é, por si mesmo, visto como a criança não passa de nossa projeção para o futuro...". 

Seus textos são atualíssimos, tanto que:

"Fala-se em Pátria, hoje mais do que nunca. Jamais o dispêndio de hinos, versos, conferências, artigos, livros, boletine e discuros foi maior. Mas, no fundo de tudo isso, está a retórica vã, a mentira, a ignorância das verdadeiras necessidades do país. Programa patriótico, e mais que patriótico, humano, só há um: sanear o Brasil"

Eram cartas trocadas nas primeiras décadas do século XX, mas que nos parecem muito familiares aos descasos que ainda vemos em nossos dias. Seus questionamentos, seus alertas quanto a educação ideal leva-o a conclusão de que:

 "... antes de reformarem qualquer coisa ou proporem reformas, os mais adiantados e ilustres líderes educacionais do momento o que devem fazer é reformarem-se a si próprios, isto é aposentarem-se e saírem do caminho" (págs 53/54). "Ah! parece que se chega afinal ao começo... 436 anos para se chegar ao princípio, 436 anos de pré-história... " 

É o desabafa Anísio Teixeira à Lobato, nas correspondências trocadas e registradas nas cinquenta e cinco páginas deste livro, profundo estudo em que Cassiano Nunes, poeta, teatrólogo e ensaísta, considerado por Mariza Lajolo "o nosso maior lobatólogo", a nós disponibiliza. 

Posso concluir também minha indignação pelo desrespeito a natureza, as crianças, aos velhos, a educação - enfim a nós como brasileiros, mas também me consolo, quando leio e transcrevo o que nos fala o autor no referido livro 

"essas palavras de velhas cartas, afortunadamente conservados, plenas de sonho, paixão e indiganação, nos revelam que não estão sós aqueles que, no Brasil, se acham determinados a criar uma pátria melhor, em que a educação substitua o primitivismo e o atraso..." . 


É gratificante pensarmos num Lobato que é nosso; que segundo Godofredo Rangel:

"sabia dizer as coisas próprias de um modo próprio, encarando a vida e as coisas de um modo pessoal".

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Nunes, Cassiano.   Monteiro Lobato: o editor do Brasil   / Cassiano Nunes.  -  Rio de Janeiro: Contraponto: Petrobras, 2000.  56 p.


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CANÇÃO DA TARDE NO CAMPO - Cecília Meireles

Caminho do campo verde,
estrada depois de estrada.
Cercas de flores, palmeiras,
serra azul, água calada.

            Eu ando sozinha
            no meio do vale.
            Mas a tarde é minha.

Meus pés vão pisando a terra
Que é a imagem da minha vida:
tão vazia, mas tão bela,
tão certa, mas tão perdida!

            Eu ando sozinha
            por cima de pedras.
            Mas a flor é minha.

Os meus passos no caminho
são como os passos da lua:
vou chegando, vais fugindo,
minha alma é a sombra da tua.

            Eu ando sozinha
            por dentro dos bosques.
            Mas a fonte é minha.

De tanto olhar para longe,
não vejo o que passa perto.
subo monte, desço monte,
meu peito é puro deserto.

            Eu ando sozinha,
            ao longo da noite.
            Mas a estrela é minha.


Ao me deparar com este poema, não pude deixar de me encontrar em suas estrofes. Quantas vezes andando sozinhas, subindo e descendo montes, não nos apercebemos de olhar ao nosso redor.
Mas também o quanto é maravilhoso, ainda que estejamos sozinhos, saber que tudo ao nosso redor é nosso.
Cecília Meireles sempre uma surpresa a mais. Versos repletos de lirismo, criativo, imaginativo nos leva a recolher um retalho e tecer sonhos.


comentários Inajá Martins de Almeida
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Meireles, Cecília.   Obra poética.   / Cecília Meireles.   Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958, pág.229-30,  in: Cadore, Luís Agostinho.   Curso prático de português: programa completo 2º grau.   4ª ed.   São Paulo: Ática, 1996, pág. 19     

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

PÁSSAROS NO FIO - Jarbas Agnelli

Fantástico a criação do ser humano. Realmente quando observamos os pássaros nos fios, mal podemos supor que eles possam estar compondo uma melodia. Mas a realidade é que eles são compositores sim.

http://www.youtube.com/watch?v=16US8Z447LE&feature=related

Maravilhoso o vídeo

sábado, 13 de novembro de 2010

CARTAS A UM JOVEM POETA - Rainer Maria Rilke


"O poeta mais atual e permanente do nosso tempo." Otto Maria Carpeaux
Paris, fevereiro de 1903. Rainer Maria Rilke (1875-1926) recebe uma carta de um jovem chamado Franz Kappus, que aspira tornar-se poeta e que pede conselhos ao já famoso escritor. Tal missiva dá início a uma troca de correspondência na qual Rilke responde aos questionamentos do rapaz e, muito mais do que isso, expõe suas opiniões sobre o que considerava os aspectos verdadeiros da vida. A criação artística, a necessidade de escrever, Deus, o sexo e o relacionamento entre os homens, o valor nulo da crítica e a solidão inelutável do ser humano: estas e outras questões são abordadas pelo maior poeta de língua alemã do século XX, em algumas das suas mais belas páginas de prosa.



Rainer Maria Rilke (1875-1926), poeta nascido em Praga, é um dos autores de língua alemã mais conhecidos no Brasil. Suas obras, que tiveram grande influência sobre mais de uma geração de poetas, vêm sendo publicadas há várias décadas e sempre despertaram muito interesse. Existem, por exemplo, traduções excelentes de textos seus feitos por alguns dos maiores nomes da poesia brasileira, como a versão de Manuel Bandeira para “Torso arcaico de Apolo”, ou de Cecília Meireles para “A canção de amor e de morte do porta-estandarte Cristóvão Rilke”, ou as várias versões feitas por Augusto de Campos, que em 1994 publicou uma coletânea de vinte poemas de Rilke e, em 2001, um novo livro no qual acrescentou mais quarenta poemas traduzidos.
  
Leia mais:


Uma passagem que a mim chamou muita atenção quando ele diz:
 "ser artista significa: não calcular nem contar; amadurecer como uma árvore que não apressa a sua seiva e permanece confiante durante a tempestade da primavera, sem o temor de que o verão não possa vir depois. Ele vem apesar de tudo".
Noutro ponto: 
"Gosto de saber que meus livros estão em suas mãos". 

Transcrição e comentários de Inajá Martins de Almeida
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Rilke, Rainer Maria.   Cartas a um jovem poeta.   /  Rainer Maria Rilke.   Tradução de Pedro Susseking.   Porto Alegre, L&PM Pocket, 2010.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

AÇÃO CULTURAL NA TERCEIRA IDADE - Adilson Marques (org.)

O autor nos dá pistas de que "nossas lembranças mais pessoais podem vir morar aqui", quando então leva os trinta e dois participantes do curso de criação de texto pela Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI) na cidade de São Carlos/SP, a exteriorizarem suas memórias virtuais, que se encontram em seus interiores e produzirem textos, os quais figuram no livro.

Num momento em que o envelhecimento ganha destaque e a expectativa de vida, com qualidade, galga patamares mais elevados, essa geração busca se interrelacionar para poder deixar legados para as gerações vindouras, no afã de que as memórias não se percam - aquelas que ainda estão e fazem tanta presença.

São retalhos que falam da saudade de uma figueira - "árvore de grande porte, raízes profundas e galhos enormes como se fossem braços abertos para o céu. Sua sombra acolhia a todos sem distinção". (Maria Cavallaro). O trazer a mente lembranças passadas, mas que parecem tão presentes. A velha estação! Quem não se lembra dos trens, a partida, o apito, as paisagens bucólicas. "eu ficava admirada vendo as pessoas que partiam ou que chegavam, as famílias e os amigos se encontrando ou se despedindo. Quase todos tinham lágrimas nos olhos. Alguns de alegria e outros de tristeza, já manifestando saudade de quem partia". (Jeni Diniz)
E todos tem um conto a contar. Um ponto a acrescentar às suas memórias, uma vez que "o ato de escrever e de narrar um texto é um dos mais significativos recursos em qualquer trabalho de anima-ação cultural", como tão bem exorta Adilson.

O autor Adilson Marques é graduado em Geografia pela USP, mestrado em Educação Comunitária e doutorado em Antropologia das Organizações. Desde 2003 leciona na Universidade Aberta da Terceira Idade (UATI, na cidade de São Carlos/SP.
No link podemos acompanhar uma de suas palestras no dia 09 de novembro de 2010, no SESC São Carlos/SP

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comentários: Inajá Martins de Almeida

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Marques, Adilson (org.)   -  Ação cultural na terceira idade: a criação de textos e a dimensão subjetiva do envelheciento  -  Adilson Marques (org.)  /  São Carlos: BN, 2010.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

VISITAS BLOG - 09 de novembro de 2010

3.000
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Caros visitantes

Chegamos a marca das 3.000 visitas em todo o mundo -
período de 03 de fevereiro à 09 de novembro de 2010 (279 dias).

Foram 96 retalhos que aos poucos teceram e continuarão tecendo o universo literário.


(clique na imagem para ampliá-la)

É com grande alegria que agradeço a todos quantos estão participando com ricos comentários, sugestões, visitas.

Que os retalhos venham compor tantas colchas quantas forem as expectativas daqueles que dedicaram e continuarão dedicando tempo a este espaço.

Continuaremos juntos tecer leituras que os retalhos inspiram.

Inajá Martins de Almeida

São Carlos - 09 de novembro de 2010


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

OS NÚMEROS GOVERNAM O MUNDO - Malba Tahan

Com a frase de Pitágoras "Os mundos governam o mundo", Júlio César de Melo e Souza - Malba Tahan- traz mais um best seller.

Engenheiro por formação acadêmica, professor de matemática sua vocação a escrita premia-nos com obras envolventes, donde o pano de fundo são os números, os contos, dos misteriosos desertos e povos das longinquas terras das arábias e de Alá.

Os números falam e tem suas histórias que prendem o leitor quando se vê envolvido aos seus significados, as suas implicações na gramática e vocabulários.

A mim, chama-me atenção especial o número sete, quando Afrânio Peixoto é citado no texto:

"As estrelinhas são ponto
E a lua cheia novelo.
Para bordar o teu nome
Nas letras do sete-estrelo!..."

Em cada passagem há miríades curiosas para se retratar. O leitor atento poderá extrair a sua.


Comentários Inajá Martins de Almeida
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Tahan, Malba  -  Os números governam o mundo: folclore da matemática.   Malba Tahan.   -  2ª ed.  -   Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.

OS QUATRO ELEMENTOS DO SUCESSO - Laurie Beth Jones

Valendo-se dos quatro elementos - terra, água, terra e ar - a autora nos leva a buscar saber em qual deles nos enquadramos, para podermos utilizar ferramentas para melhor atuar num universo tão competitivo quanto o são as organizações empresarias.

Em três capítulos, leva-nos a entender os elementos, para poder aplicá-los ao nosso cotidiano profissional e pessoal, quando nos propõe o desafio dos vinte e oito dias para que o aprendizado da leitura possa estar fazendo parte integrante de nosso dia-a-dia.

Em apêndice, apresenta gráficos ilustrativos, perguntas e respostas e uma breve história da teoria da personalidade. 

Torna-se uma leitura interessante, investigativa, informativa. O colocar em prática é pessoal. Em alguns momentos pude até me encontrar.


Comentários de Inajá Martins de Almeida
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Jones, Laurie Beth.   Os quatro elementos do sucesso: decifrando a personalidade de sua equipe   /  Laurie Bethe Jones [tradução Vera Lúcia Ramos].  Osasco, SP: Novo Século Editora, 2006. 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

MEMÓRIA ESQUECIDA - Milionário e José Rico

Quantas memórias esquecidas.
Gosto do escritor italiano Giuseppe de Lampedusa, quando a dizer que nossas memórias deveriam ser caso imposto pelo Estado, a fim de registrar nossa trajetória.
Eu procuro manter meu diário, os quais pouco a pouco teço através de meus blogs.
São retalhos que amealhos ora aqui, ora ali, e vou acolá tecendo lembranças, encontros edificantes.
Milionário e José Rico adentrou nosso através de um CD, com produção magistral.
As vinte canções -  “alinhavos poéticos” - chuleavam sonhos, teciam lembranças e de repente adentrar o universo da poesia, busquei a internet e lá estava ela, toda a meu alcance.
O sertão, o sertanejo, aí que saudade me trouxe e ouvi, e li e transcrevi.
Agora também sei que o “sertanejo ainda é sertão”.


Ai que vontade de ouvir de novo moda sertaneja
que hoje não se faz
parece até que a sensibilidade
ficou na saudade, não existe mais
me dói saber que alguns artistas
que alcançaram sucesso na vida
usaram tanto o sertão como história
que hoje na memória ficou esquecida
Ai que vontade de ouvir agora
o som da viola num pagode bom
lindas guarânias que a gente arrepia
o som e a magia de um acordeon 
cadê o tal cantador de verdade
com simplicidade, alma e coração
apaixonado pela natureza
canta as belezas deste meu sertão
Quanta saudade dessa terra tombada
do fogão de lenha e o cafezal em flor
e o cantar triste da siriema
que já foi o tema de canções de amor
e até a linda colcha de retalhos
serviu de agasalho já não lembram mais
a mãe de leite de filho presente
hoje ninguém sente a falta que ela faz
Ai que vontade de ouvir agora
o som da viola num pagode bom
lindas guarânias que a gente arrepia
o som e a magia de um acordeon
já não se lembra o velho candieiro
que foi o primeiro rei do estradão
eu agradeço o progresso que vejo
mas o sertanejo ainda é sertão
eu agradeço o progresso que vejo
mas o sertanejo ainda é sertão.



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comentários Inajá Martins de Almeida

A MÚSICA REVELA TRAÇOS DA PERSONALIDADE? David Martins de Almeida Maldonado

Discutir sobre os comportamentos, os sentimentos, os pensamentos e os interesses, cabem a um estudo profundo da personalidade. A musicoterapia, sendo uma prática que visa auxiliar o cliente a atingir determinados estados, também tem o objetivo de compreender a personalidade humana, porém, as bases que possuímos para a sua interpretação, oriundas de uma abordagem psicodinâmica e/ou psiquiátrica, não possuem, de acordo com a literatura atual, uma ligação direta com a musicoterapia e a experiência musical, com os padrões musicais que a pessoa expressa e com a técnica de intervenção musicoterapêutica. Desta forma, o objetivo deste estudo é desvelar quais são os elementos que podem ser interpretados, tanto musicais, quando não-musicais, que dizem respeito ao indivíduo, seus comportamentos e as suas relações interpessoais, notados na sua relação com a música, estabelecendo assim, um vínculo entre a musicalidade e os traços da personalidade. Através de pesquisa bibliográfica, este estudo passa a descrever todos os elementos que envolvem a música e a personalidade. Os principais resultados em consequência deste estudo, complementam a prática clínica na musicoterapia, destacando procedimentos e escalas de avaliação da Musicoterapia Criativa, de Paul Nordoff e Clive Robbins. Uma interpretação da personalidade através de uma abordagem puramente musical é o caminho deste estudo.

Monografia apresentada ao curso de Graduação em Musicoterapia da Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP - para a obtenção do título de graduado em Musicoterapia. Orientadora Profª Drª Noemi Lang.


David Martins de Almeida Maldonado  - http://www.musicoterapiaclinica.com.br/

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postado por Inajá Martins de Almeida

SÊDA... É SEU NOME - Sonya Mello

O estar entre livros, faz com que busquemos colher retalhos de títulos, de palavras, de frases soltas, de textos, enfim... 
Palavras... Palavras... Não há limites para recolher, para tecer palavras!
Encontrei Rita Elisa Sêda. 
Aliás, vamos falar francamente, ela me encontrou. 
Bateu a minha porta, num domingo ensolarado,  e num embrulho colorido, nas mãos de minha neta Rafaela, lá estava ela: 
- "Cora Coralina; raízes de Aninha".
Era o livro que meu filho me presenteava naquele domingo - 12 de setembro de 2010. 
Receber um livro de presente é sempre gratificante para uma bibliotecária. 
De um filho pode haver realização maior, quando então a neta o traz às mãos? 
Não há palavras para derramar as bençãos que essa impressão deixa em nosso ser! 
Depois vieram os contatos, Rita toda repleta de carinho e palavras de sêda. 
Sonya encantadora artista das artes e das palavras.
Tantas outras artesãs das palavras... 
A colcha então recolhe retalhos - retalhos de sêda - e dá início a um novo tecer, com alinhavos poéticos, como tão bem exorta Rita. 
São os nossos alinhavos que passamos a alinhavar dia-após-dia, como incansáveis tecelãs das palavras.
O poema de Sonya Mello pude emprestá-lo do blog http://palavrasdeseda.blogspot.com/ quando Sonya e Rita me permitem, assim podemos também adentrar aos mistérios de Sêda:


Sobre ti paira um mistério
Algo que me deixa a pensar
Seu destino por Deus preservado
Sua vida do céu resgatada
Pássaro que ainda espera voar...

Inteligente, sábia, desbravadora
Tem sede de novas descobertas
Teces palavras como ninguém
Alma e carne de escritora.

Cora muito a emociona
Coralina se imprime em sua memória
Juntas, de mãos dadas se relaciona
Cora Coralina, uma única história

Viajante atenta e sem limites
Busca alimento para seu ser;
Mulher de mil e um talentos
Tece com a alma seus conhecimentos
Como a lagarta tece a seda.

Saber de ti, um sinal de Deus
Artesã reluzente de palavras
Que se transformam em jóias raras
Ânsia de descobertas te consome

Sêda... É seu nome!


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comentários de Inajá Martins de Almeida

sábado, 16 de outubro de 2010

PAIS BRILHANTES, PROFESSORES FASCINANTES - Augusto Cury

15 de outubro - DIA DOS PROFESSORES

Não sei se observamos o que é um professor, mas estive a pensar neste dia dedicado a eles e separei alguns pontos - meus pontos de vista.

Antes mesmo de sermos profissionais em alguma área, lá estavam os professores a nos orientar, dar os primeiros passos nas letras, no conhecimento, na sabedoria.

Eram eles - os professores - que pegavam em nossas mãos e moldava nossos primeiros rabiscos. Mostravam seus sorrisos francos, seu olhar afetuoso, colocava sua emoção ao ver nosso progresso.

Muitos passaram - foram bons - porém alguns foram inesquecíveis, brilhantes, fascinantes. Permito-me passear pelos sete hábitos que o autor Augusto Cury nos apresenta no seu livro Pais brilhantes, professores fascinantes e logo me vejo a declinar:

Os professores que passaram foram eloquentes, sabiam colocar as palavras, mas  os que se tornaram fascinantes, conheciam nossa mente.

Os professores que passaram apresentavam boa metodologia, entretanto apenas os que procuraram  conhecer nossa sensibilidade, tornaram-se fascinantes.

Os professores que passaram souberam descortinar nossos conhecimentos lógicos, entretanto, os que se tornaram fascinantes, souberam descortinar o íntimo de nossas emoções.

Os professores que passaram conseguiram fazer com que nossa memória apenas fosse depósito de informações, todavia, os fascinantes conduziram-nos à arte de pensar.

Os professores que passaram, foram temporários, cumpriram apenas seu papel, em contrapartida, os inesquecíveis permanecem sempre presente.

Os professores que passaram, puderam corrigir comportamentos, porém, aqueles que se tornam inesquecíveis, resolvem os conflitos em sala de aula sempre.

Os professores que passaram, formam tecnicamente o aluno, preparando-o para o mercado de trabalho, todavia, os que educam e formam para a vida, tornam-se fascinantes. 

Todos nós temos em mente nossos bons professores, porém, nossos professores fascinantes 
alargaram nossos horizontes, souberam tecer nossa jornada, foram exemplos permanentes. Eu posso dizer de Dª Carminda, na faculdade de Biblioteconomia na cidade de São Carlos. Com suas sábias palavras, orientava-nos a colher retalhos de todas as experiências vividas em nossa jornada - tanto na profissional, quanto na particular. 

Foram então os retalhos que me trouxe a este momento singular e único, em que o autor nos leva a avaliar nossa conduta como pais e professores, porque:

"Educar é semear com sabedoria e colher com paciência". Augusto Cury

Veja alguns lances da palestra realizada no Teatro La Salle na cidade de São Carlos no dia 26 de agosto de 2010
http://saocarlosemimagens.blogspot.com/2010/08/augusto-cury-palestra-sao-carlos.html

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comentários de Inajá Martins de Almeida
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Cury, Augusto.   Pais brilhantes, professores fascinantes  /  Augusto Cury. - Rio de Janeiro: Sextante, 2008.




OS DEZ MANDAMENTOS DE UM LÍDER IDÔNEO PARA O SÉCULO XXI - Ailton Muniz de Carvalho

Ao me deparar com o título logo pensei: mais um entre tantos a falar de líderes, liderança, sucesso e aí vai. Mas, o senso crítico, a curiosidade e perspicácia de uma bibliotecária, não pode se ater apenas a um comentário, ou pensamento vago sobre o título, assim, peguei o livro em mãos e comecei a fazer a leitura técnica, passando pela capa, contracapa, a pequena biografia do autor, os capítulos, os comentários de outros escritores e aí afora. 

Não havia mais dúvidas, lá estava o livro saindo da livraria e a noite adentrando o universo de nossas leituras - era Elvio e eu que nos deleitávamos com um assunto tão falado, tão escrito, tão estudado, mas sendo retratado de uma forma peculiar que só o universo das palavras pode abstrair. Era outro ponto de vista que alcançava outras tantas vistas.

O próprio escritor aconselhava que o leitor sorvesse as palavras delicada e demoradamente, estudasse, aplicasse os exercícios em seu cotidiano, e lá estávamos nós capítulo por capítulo buscando absorver aquelas palavras para poder colocá-las no nosso dia-a-dia. E seguíamos ávidos seu conselho: "siga pertinazmente o caminho escolhido". 

A medida que os tópicos iam sendo declinados: considere o seu trabalho uma excelente oportunidade; considere-se a pessoa mais adequada e competente... um filme rodava em nossas mentes e as experiências vinham a tona e podíamos projetar as mensagens às experiências presentes e futuras.

Eram as palavras que encontravam ecos; era o escritor que atingia a leitora - esta que escreve - quando se podia ver na semelhança da colocação das palavras. Ele - Ailton - então fala sobre si:

Professor de Teologia por opção, Ministro do Evangelho por eleição, Cristão por convicção.

Eu - Inajá - assim me expressara quando de um de meus artigos "Paixão por livros": - que ao escolher a profissão em primeiro fora por opção, em segundo por paixão e terceiro e último por convicção. http://blog-inaja.blogspot.com/2010/08/paixao-por-livros.html

Assim não podia deixar de fazer a escolha. O livro adentrou nosso universo. As palavras encontraram eco e ressonância. 

A tônica então apresentada pelo autor para a eficiente liderança é : 

"familiarizar-se com a obra a cumprir; evitar atitudes dominadoras, conhecer e ajudar os liderados; não decidir arbitrariamente e dar o exemplo de bem servir a obra".

Ademais, como diz a própria apresentação da obra - este não deve ser apenas mais um entre tantos bons livros de liderança que já existem no mercado literário; e, sim, um incoteste indispensável manual prático de liderança acompanhado de métodos cientificamente comprovados".

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comentários: Inajá Martins de Almeida 

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Carvalho, Ailton Muniz de.   Os dez mandamentos de um líder idôneo para o século XXI: o seu sucesso só depende de você! deixe aflorar o seu potencial.   /  Ailton Muniz de Carvalho. - Osasco, SP: Novo Século Editora, 2006. 

domingo, 10 de outubro de 2010

ALINE NEGOSSEKI TEIXEIRA

"As palavras são os pincéis...
Mas as laudas não são o limite."

Navegar pela internet é desbravar um mundo fascinante.
A palavra traz consigo a magia de poder encontrar outras tantas palavras e tecer encontros, somente possíveis, através da grande galáxia compactuando a nosso favor.
Foi um desses encontros fantásticos que me fez deter e me apossar de parte da inspiração da escritora, ali presente, bem ao meu alcance. 
Querem mais?

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comentários Inajá Martins de Almeida



segunda-feira, 13 de setembro de 2010

CORA CORALINA: raízes de Aninha - Clóvis Carvalho Britto e Rita Elisa Seda

O livro, presente de meu filho nesse domingo (12/09/2010) não poderia ter sido mais maravilhoso. O estar entre livros faz com que essas brilhantes surpresas aconteçam. 

"Desistir? Eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério.
É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça".

Geraldo Eustáquio de Souza


Cora Coralina, pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas, é o exemplo de  mulher guerreira que nos fica e nos impulsiona a conquistar sonhos.


"Poesia para mim é comunicação... é invenção, porque só o gênio cria. Hoje nós temos de achar a poesia na realidade da vida e a vida toda é poesia. Porque onde há vida, há poesia. Poesia para mim é um ato visceral. É um impulso que vem de dentro e, se eu não obedecê-lo, me sinto angustiada".


Cora Coralina pode falar por tantas mulheres - poetisas do cotidiano. Mulheres virtuosas que também retrato em versos. Elas podem ser encontradas em todos os lugares, também na poesia.
Muito de sua obra que ficou no silêncio, aos poucos vai sendo a nós revelada, como a que agora se apresenta. Magnífica formatação, textos ricamente dedicados.


Se Cora Coralina trouxe grande contribuição para a literatura brasileira, o que dizer de Rita Elisa Seda, que tão bem incorporou a personagem, mesclando sua fala às dela, quando então não se percebe quando inicia uma e termina a outra. 


Respondendo a um comentário desta que escreve a escritora Rita Elisa assim se manifesta com relação à sua biografada:


"Quem ama Cora Coralina ama a poesia mais pura, ama a humildade mais sublime, ama a política mais honesta, ama a religiosidade mais santificante e ama a doceira que traduzia em pura magia dos doces glacerados, como se estivessem vitrificados, algo que só o amor pode produzir. Saboreie o livro, ele é destinado aos que amam Cora Coralina". Rita Elisa Seda
http://palavrasdeseda.blogspot.com/


É assim que o texto envolve, do início ao término das suas mais de quatrocentas páginas, as quais vão sendo sorvidas, num gostinho saboroso de querer voltar sempre a leitura, numa nova releitura, quando até se pode ir além do ponto, num novo texto que se inicia na mente dos leitores ( Inajá e Elvio). É amar um pouco mais, adentrar o universo da escritora Cora, através de outra escritora que tão bem incorporou Cora Coralina - Rita Elisa Seda.


Leia magnífica resenha do livro, assim como um comentário desta que escreve, no link : 
http://palavrasdeseda.blogspot.com/2010/07/resenha-de-benilson-toniolo-sobre-o.html


"A máscara lírica Aninha é um resgate da infância vilaboense de Anica, Anoca, ou seja, de Anna Lins dos Guimarães Peixoto – Cora Coralina. Onde ela traduz em poesia suas reminiscências lúdicas, religiosas, normas de educação e estórias.  A semente Aninha foi gerada, germinada e cresceu em Vila Boa de Goyaz, capital da província. Ao sair do estado, rumo ao sul, foi mãe, esposa, avó, jornalista, contista, cronista, poeta, política, religiosa, ambientalista e comerciante. Depois de uma sua odisséia pelo estado de São Paulo retornou para suas raízes".


<  clique para ler a matéria >
 


comentários Inajá Martins de Almeida

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Brito, Clóvis Carvalho e Seda, Rita Elisa.   Cora Coralina: raízes de Aninha  /  Clóvis Carvalho Britto, Rita Elisa Seda.   Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2009.

OS CONTOS - Giuseppe Tomazi di Lampedusa

Giuseppe Tomasi di Lampedusa, autor siciliano, nascido em Palermo em 1896, em sua obra, Os Contos, chama-me atenção especial quando diz ser imprescindível que nossas memórias sejam registradas.

A partir desse momento, torno minhas suas palavras, e passo a perceber e dar importância maior aos fatos cotidianos, que muitas vezes fortuitos foram ao meu olhar. Passo então almejar o registro das cenas presentes com mais assiduidade. Tento resgatar o passado que, gradativamente, vem falar de mim.

Percorrendo locais de sua infância, lugares, a casa natal, por ele desenhada, busca levar o leitor a um cenário bucólico. A aristocracia em que nascera, a qual lhe outorgara o título de conde, já não lhe era mais permitida, posto perdas várias, mas o registro é marcado por uma narrativa contagiante, que nos remete a uma época e lugar não desconhecidos de nós – a velha Europa.

Quantos não percorreram vales e montanhas, rios e desertos áridos em suas vidas. A diferença é que uns deixaram registros outros não. Penso até que Lampedusa estivesse num momento de pura amargura ao escrever as palavras iniciais, com uma frase forte : “ao encontrarmo-nos no declínio da vida”. Talvez até estivesse em sua fase derradeira; penso sim que o declínio não seja o término de sua existência, posto que vem a falecer em 1957 e o livro fora escrito muito antes.

Bem, este é o leitor. Quer adentrar as entrelinhas, os pensamentos do próprio autor. Triste ou não, amargurado pelas adversidades, ou quem sabe... lega-nos uma máxima de uma veracidade inigualável.     

Também imagino o quão benéfico seriam nossas memórias escritas, para que gerações futuras, aquelas que não puderam nos ver, nos conhecer pessoalmente, pudessem saber de nós através das linhas: “o material acumulado...  teria valor inestimável”

Assim, é que a partir daquele momento, daquela leitura, minha vida jamais fora a mesma.


"Ao encontrarmo-nos no declínio da vida , é preciso procurar reunir a maior parte das sensações que perpassaram esse nosso organismo. Poucos conseguirão construir assim uma obra prima (Rousseau, Stendhall, Proust), mas todos deveriam poder preservar, desse modo, algo que sem esse pequeno esforço perderia-se para sempre. Manter um diário ou escrever, em certa idade, as próprias memórias deveria ser obrigação “imposta pelo estado”: o material acumulado após três ou quatro gerações teria valor inestimável. Resolveria muitos problemas psicológicos e históricos que afligem a humanidade. Não existe memória, embora escritas por personagens insignificantes, que não apresentem valores sociais e pitorescos de primeira ordem”. (Tomasi di Lampedusa - Os Contos)

comentários de Inajá Martins de Almeida
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Tomasi di Lampedusa, Giuseppe – Os contos  /  Giuseppe Tomasi di Lampedusa; tradução de Loredana de Stauber, ilustrações de Gustavo Rezende.   Berlinds e Vertecchia Editores.