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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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domingo, 29 de maio de 2011

RITA ELISA SEDA E "O CHAMADO DAS PEDRAS"

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  Cora Coralina

A estrada está deserta.
Vou caminhando sozinha.
Ninguém me espera no caminho.
Ninguém acende a luz.
A velha candeia de azeite
de lá muito se apagou.


Tudo deserto.
A longa caminhada.
A longa noite escura.
Ninguém me estende a mão.
E as mãos atiram pedras.
Sozinha...
Errada a estrada.
No frio, no escuro, no abandono.
Tateio em volta e procuro a luz.
Meus olhos estão fechados.
Meus olhos estão cegos.
Vêm do passado.

 Num bramido de dor.
Num espasmo de agonia
Ouço um vagido de criança.
É meu filho que acaba de nascer.

Sozinha...
Na estrada deserta,
Sempre a procurar
o perdido tempo que ficou pra trás.

Do perdido tempo.
Do passado tempo
escuto a voz das pedras:


Volta...Volta...Volta...
E os morros abriam para mim 
Imensos braços vegetais.

E os sinos das igrejas
Que ouvia na distância
Diziam: Vem... Vem... Vem...

E as rolinhas fogo-pagou
Das velhas cumeeiras:
Porque não voltou...
Porque não voltou...
E a água do rio que corria
Chamava...chamava...

Vestida de cabelos brancos
Voltei sozinha à velha casa deserta.

(Meu Livro de Cordel, p.84, 8°ed., 1998)
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A noite fria soube tão bem acalentar as almas ao encontro do chamado das pedras, desta vez não sendo atiradas, mas recolhidas, transformadas em sonhos.
Sonhos que pudemos sonhar num momento breve, quando Rita Elisa Sêda entoava o belíssimo poema de Cora Coralina.
E podíamos ouvir o soar dos sinos
e juntos entoávamos
vem... vem... vem...
e bebíamos ávidos as palavras:
volta... volta... volta...
e voltávamos ao passado
recolhendo retalhos de uma vida ímpar
que, algumas de nós mulheres, sonhamos viver e ser - Coras Coralinas.


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Comentários de Inajá Martins de Almeida
fotos: Elvio Antunes de Arruda


Araraquara, 27 de maio de 2011




quinta-feira, 26 de maio de 2011

ALINHAVANDO RETALHOS

"São poucos os que sentam para ouvir histórias. 
São poucos os que se dedicam a contar histórias. 
Por serem poucos, são raros e necessários.

Assim

Alinhavando retalhos de memórias escondidas, 
a observar o horizonte por entre as janelas,
vou me desvendando 
por meio das palavras que tecem as linhas".


Inajá Martins de Almeida

sexta-feira, 20 de maio de 2011

RITA ELISA SEDA EM ARARAQUARA

Araraquara - 27 de maio de 2011


Rita Elisa Seda fala sobre seus livros

(clique sobre a foto para ampliá-la)

Memorável noite de autógrafos


(clique sobre a foto para ampliá-la)

(clique sobre a foto para ampliá-la)

Sob clima literário, Rita Elisa discorre sobre as raízes de Aninha - Cora Coralina

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Em casa de Silvinha, Araraquara/SP, tarde de quinta-feira 26/05/2011,  as amigas comentam fatos inusitados, entre troca de regalos significativos


(clique na foto para ampliá-la)

Atentos todos se voltam para Inajá quando, com a camiseta nas mãos diz que as rosas falam sim.
Falam de boas lembranças, de um passado que o tempo jamais consumirá.
  

BALADA DAS MÃOS - interpretação Moacyr Franco


Composição : David Nasser / Elizabeth
interpretação Moacyr Franco







Se os teus olhos faltaram um instante da vida,
Se o coração vacilar, retardando a batida,
Se o teu corpo cansado, curvar-se vencido,
Na estrada comprida,
Na batalha perdida.

Tuas mãos,
Só, tuas mãos,
Gêmeas no riso e na dor,
Manterão, sempre acesa a luz,
Votiva do amor,

Mãos que se juntam na prece,
Num momento supremo,
Quando no altar duas vidas se juntam também,
Mãos que abençoam o filho
Que parte talvez, para sempre,
E depois vão tecer um casaco de lã,
Para o neto que vem,
Mãos que dão lenitivo,
Aos que foram vencidos na vida,
Mãos que nunca recusam,
Num gesto o perdão.
Mãos que arrancam das cordas,
De um violino nervoso e agitado,
A música divina
Que torna todos os homens irmãos.

Mãos que após o silêncio que cai
Sobre a vida que cai
Juntam o silêncio àquelas que um dia também foram mãos.
Também foram mãos.
Também foram mãos.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A SABEDORIA NOSSA DE CADA DIA - Augusto Cury

Em 13 capítulos o escritor psiquiatra Augusto Cury nos apresenta um especialista em desengessar a mente humana - Jesus - a uma platéia de famintos psíquicos que somos nós, ávidos pelo pão nosso da sabedoria.

Um livro instigante que aponta como tomar posse da mensagem contida na oração que o Mestre dos Mestre nos ensinou.

Escreve-nos o escritor, que:

"Jesus tocou no epicentro da psique humana. Seu sonho era saciá-la, produzir um novo ser humano sereno, afetivo, sábio, justo e saturado de prazer. Ele mostrou uma tranquila satisfação na terra do estresse. Foi extremamente saudável emocionalmente, quando não tinha quase nada exteriormente". 

Leitura indispensável a todos quantos procuram algo mais do que o simples olhar ao redor das cenas que perpassam nossa existência. Entender que "admirar é sentir superficialmente, contemplar é sentir profundamente. Admirar é observar rapidamente, contemplar é observar com atenção e êxtase".


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Cury, Augusto  /  A sabedoria nossa de cada dia: os segredos do Pai-nosso 2 - aprendendo a superar os conflitos humanos   /   Augusto Cury   -   Rio de Janeiro: Sextante, 2007. 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

FOREVER YOUNG





quarta-feira, 11 de maio de 2011

ATRAVÉS DA JANELA

fotopoema


clique sobre a imagem

foto: Elvio Antunes de Arruda
poema: Inajá Martins de Almeida

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Da janela ela via tudo. Pelo menos tudo que passava na estrada de terra próxima à casa. Não era muito. A janela já fora usada pela avó, que numa época mais simples, ainda moça, acenava com um lenço branco aos boiadeiros que passavam. Sinal de cordialidade e solidão. Espera de amor, que acabou chegando pela estrada, mas não a cavalo. Sonho frustrado de moça romântica que sonhava casar com boiadeiro...  

Acompanhe belíssimo texto de Nilton Chiaretti em ...

domingo, 8 de maio de 2011

BUDAPESTE - Chico Buarque

"... numa obra literária deve haver nuances, disse Kriska, que só se percebem pela voz do autor...
Mas depois que aprendi a tomar distância do eu do livro, minha leitura fluiu..."

Chico Buarque - Budapeste 


Como disse José Migul Wisnik, "Budapeste, no exato momento em que termina, transforma-se em poesia".


Foi exatamente o que senti ao chegar na última página. 
Uma sensação de que a escritora ali se manifestava. 
Durante toda a leitura tomara posse das linhas, agora sentia-me fora do livro e um novo livro começava a ser delineado. 
Era a leitora que se distanciava das palavras do autor e dava margem as suas próprias palavras. 
Era o livro que fluía em minha mente.  
Rodopiava a roda viva que o tempo fazia girar num instante. 


Inajá Martins de Almeida  
fotografada por  Elvio Antunes de Arruda 
São Carlos 07. 05.2011 - sábado  


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Buarque, Chico.   Budapeste: romance   /  Chico Buarque -  São Paulo : Companhia das Letras, 2003