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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

BUQUÊS DE LETRAS



LEITURAS EM BUQUÊS DE LETRAS

Letras que declinam versos!
É possível?
Sim.

Letras que ultrapassam nossa vista!
A vista que nos torna imaginativos
E nos faz ir além do ponto.

Um retalho de um ponto
Uma leitura além da vista.
Buquês de letras que 
vão compondo as linhas.

As linhas além do ponto
O ponto que tece as linhas
Letras em buquês de leituras!
Leituras em buquês de letras!

Composição de letras em buquês!

Inajá Martins de Almeida

O LIVRO AGORA SOMOS NÓS

por Inajá Martins de Almeida


Faziam-me companhia, nada me cobravam. Silentes apenas podiam auscultar meus sussurros abafados, meus risos calados, meus olhos arregalados ou  fechados quando clamava alma.


Degustava as gravuras e aqueles sinais, ainda indecifráveis à minha pouca idade, eram incorporados à fala de minha mãe, a qual se fazia representar, decifrando-os para mim.

Os livros me eram familiares, ao ponto de perceber que a paixão não fora fruto do acaso. Entre livros nascera. Entre livros me criara. Entre livros me formara. Entre livros me tornara. Entre livros me apaixonara.

Mal supor pudera, que decorridos os anos entre livros, iria encontrar aquele que escreveria o segundo ato da composição da minha existência, quando então me segredava:

_ “Minha vida é uma enciclopédia. Cada ano um volume. Cada dia uma página. Cada hora um novo texto. Cada minuto uma palavra. E a cada segundo, entre um sim e um não, muda-se a história!”   (Elanklever)

Era o momento em que sua entonação de voz mudava vez ou outra. Transportava-se para dentro daquele enredo e ora me vinha como uma serelepe, ora como manhoso urso; também me trazia chapeuzinho vermelho que adentrava a casa da vovozinha, enquanto o lobo mau do lado de fora mantinha guarda. Lembrança saudosa!

Ao lado, lápis de cores variados, papel branco, podiam delinear meus rabiscos, enquanto ela representava a cena, com seu dom esmerado.  Podia sair da contação da história, para adentrar o universo ilustrativo do tema. Tecia as cores, com a maestria com que passava o texto, ora acrescentando-lhe coloridos próprios, ora recolhendo retalhos, enriquecendo-os com bordados de palavras, que a pouca idade ainda me era desconhecida, mas que já sonoros alinhavos entreteciam em meus ouvidos.

Conseguia ir além das palavras do autor e, ainda que por instante célere, ser a co-autora, tanto da palavra quanto das cores. Ao ler e contar história tecia um novo texto; ilustrava-os sob sua ótica. Eu não podia entender, mas o livro saia das linhas e adentrava a galáxia de minha mãe. Anos após, poderia eu mesma sentir o gosto de sua própria experiência.

Aqueles momentos alinhavavam-me o universo literário. Coloriam meu mundo – o livro e minha mãe. Mais tarde novos personagens viriam compor meu cenário literário.

Eu não conseguia separá-los. Hoje meu discernimento me faz entender o que me era ininteligível naqueles mágicos encontros. Em minhas memórias, percebo-me livro nas mãos, meu filho ao lado, interesse ímpar pelos textos e gravuras, o que o levariam a cultivar o gosto pela pesquisa e leitura, num futuro breve.

Minha neta, olhar vivo, raciocínio rápido nos seus dois anos, livro nas mãos e um futuro brilhante; páginas em branco alinhavadas pela avó que cenas registram – na mente e nas linhas.

E os cenários se misturam. Passado e presente se intercalam e posso sair de uma cena e adentrar outra numa singular intimidade, aquela que as palavras nos proporcionam e juntos, lado a lado, o pensador que escreve o segundo ato da minha criação literária, sussurra-me aos ouvidos:

"Quando abro um livro, vislumbro um horizonte, onde as ideias brilhantes despontam como o sol, detrás das montanhas!" (Elanklever)

E – como o pensador que me fala – ideias brilhantes, despontando por entre as montanhas, por entre as linhas - começo a vislumbrar. Logo me aposso da linha imaginária que me leva, com asas de águia, rumo ao vento a compor um capítulo do nosso livro, aquele que está sendo escrito a quatro mãos todos os dias, entre os personagens centrais e co-adjuvantes que contracenam o teatro da vida.

Agora, as lembranças saem do virtual e no cenário real podemos em uníssono declarar:

_ O livro somos nós!

Inajá Martins de Almeida
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Os trechos entre aspas são do autor e pensador Elvio Antunes de Arruda (Elanklever) – do livro “Definições reflexivas II: grandes detalhes. Edição 2009.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

BARTOLOMEU CAMPOS QUEIRÓZ

“Se olho demoradamente para uma palavra descubro, dentro dela, outras tantas palavras.  
Assim, cada palavra contém muitas leituras e sentidos. 
O meu texto surge, algumas vezes a partir de uma palavra que, ao me encantar, também me dirige. 
E vou descobrindo, desdobrando, criando relações entre as novas palavras que dela vão surgindo. Por isso digo sempre: 
é a palavra que me escreve”.

Bartolomeu Campos Queiróz

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Sim, existem muitas palavras dentro de cada palavra. Muitas lembranças que nos acompanham. Muitas palavras que voltam à memória e se deixam escrever.
Conheci o escritor numa oficina literária (Ribeirão Preto - 2003).
Participavam crianças que se encantavam com a proximidade do autor de Diário de Classe. O escritor que e deixava escrever pelas palavras. Que contava histórias. Que era a própria historia.
Levava as crianças a se sentirem protagonistas dos enredos, quando jamais imaginavam ser o escritor um ser presente. Houve até um que julgava apenas ser possível o escritor morto. Para sua cabecinha infantil, essa era a realidade - jamais estivera tão próximo de um. 
Quero ser escritor também - declara.
Momento de puro deleite.
O escritor parte. Deixa o cenário dos viventes, agora é ele que ocupa o universo dos mortais imortais. 
Sua palavra permanecerá e continuará a ser escrita através de outros passantes. É o caso desta que registra.
O texto que encabeça esta memória, fora incluído no artigo "O ato de ler", publicado no site Amigos do Livro leia na íntegra

comentários Inajá Martins de Almeida

O leitor poderá gostar também da bela entrevista, com comentários desta que escreve  - acesse http://www.blogdogaleno.com.br/texto_ler.php?id=11271&secao=22

Manifesto por um Brasil literário

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

UMA VISTA ALÉM DE UM PONTO

RECOLHENDO RETALHOS DE LEITURAS


Uma vista além de um ponto!
É possível?
Sim.

Um ponto sobre nossa vista
A vista que nos torna imaginativos
E nos faz ir além do ponto.

Um retalho de um ponto
Uma leitura além da vista
Que nos faz transpor as linhas.

As linhas além do ponto
O ponto que tece as linhas
Mosaico de leituras em retalhos !

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Investir tempo na criação de um projeto. Maravilhoso. Simplesmente maravilhoso podermos nos dedicar a algo que toca profundamente nossa alma. Foi o que aconteceu na tarde do dia cinco de janeiro deste ano que se inicia e promete grandes realizações.

A abertura deste blog já passou por várias transformações desde sua criação em 03/02/2010.

A primeira arte fora criada por Elvio. Sua vista então inventiva, imaginativa de artista,  percorria as linhas nas leituras várias. Recolhia retalhos e nas linhas, pontos sobre leituras as mãos escrevia.

Muito significativa para a proposta do trabalho que se iniciava.  Tramava-se assim um ponto com linhas que a vista alcançava. Era-me dado um presente. Era a dedicação do encontro, dos retalhos recolhidos, das leituras compactuadas.

Esta permaneceu durante um longo período, até que a ideia almejou um novo ponto e a vista recolheu um retalho e teceu uma nova imagem.


Assim, ao atingir a marca das 12.000 visitas, em 13/04/2011, busquei nova formatação para a janela de abertura do blog.

A foto, parte de um ensaio feito por Elvio Antunes de Arruda, na Biblioteca Altino Arantes em Ribeirão Preto em dezembro de 2007, para compor a capa da primeira edição do livro Definições Reflexivas: grandes detalhes, fora então escolhida, por ter grande representatividade para esta que escreve.

Nesse momento, era eu que almejava retribuir o carinho e dedicação por tantos retalhos amealhados ao longo do percurso. E a foto tinha um significado todo especial. Conhecíamos toda a trajetória da criação. Pudemos participar e compactuar do mesmo momento. Assim, porque não perpetuar essa lembrança? Porque não dividir nossas realizações com nossos amigos que se encontram em toda parte. Aqueles que nos são presentes. Ainda que no virtual, tão reais.


Agora decorridos esses meses, os retalhos sendo levados aos mais recônditos rincões, sinto anseio em premiar meus tantos leitores, com uma formatação que venha expressar a alegria que transborda minh'alma em agradecimento.

Elvio compactua desta minha vista e me transporta além do ponto.

Nesta tarde ensolarada (05/01/2012), de calor forte em São Carlos, comigo recolhe retalhos únicos.

A quatro mãos pudemos tecer este que permanecerá em nossas lembranças e realizações. São retalhos de leituras que alcançam vistas além de muitos pontos...

Inajá Martins de Almeida

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

JANELA ABERTA - Rita Elisa Seda

clique sobre a imagem
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Abra a janela e deixe fluir sua imaginação ao som do Concerto nº 1 de Tschaikowsky

domingo, 1 de janeiro de 2012

MUSICLIN - MUSICOTERAPIA CLÍNICA


Toda pessoa responde à música - ela afeta nosso corpo, nossa mente, nossos sentimentos...

Por responder positivamente à música, toda pessoa que passa por um processo musicoterapêutico é engajada em atividades musicais que propiciam um contato com o seu EU interno, resgatando a motivação, a atenção, o comprometimento e o bem estar. A música pode ajudar as pessoas em uma ampla gama de circunstâncias desafiadoras...

COMO FALAR DOS LIVROS QUE NÃO LEMOS? - Pierre Bayard

Pensei em colocar uma postagem diferente neste primeiro dia do ano. Pensei... Procurei... Finalmente encontrei algo que me tocou e chamou bastante atenção. 


Podemos falar de livros dos quais não adentramos seu conteúdo? É possível falar de um livro apenas apreciando ou não a capa?


Particularmente gosto muito da arte que as capas nos proporcionam. Atualmente elas estão cada vez mais próximas do leitor. Chamam-lhe atenção. Dão dicas do que o espera. Dão-lhe expectativas para a leitura. 


Os títulos também sugerem a leitura. Quantos livros lemos apenas por causa do título. 


Fora o caso deste, tanto do blog - o leitor comum - quanto dos comentários  ora postado.


Assim, posso dizer que sim. Podemos falar de livros que não lemos. Sob uma passada rápida pelo seu conteúdo. Analisando o título. Procurando conhecer o autor. Trazendo para o mundo real a ideia gerada na mente de algo inusitado produzido no vasto horizonte da literatura.


Títulos são lançados diariamente. Autores despontam. Porque de escrever livros não se há enfado, Eclesiastes nos apontava.


Extraí alguns trechos do comentário. A vontade era transcrever todo o artigo, mas que o leitor se sinta a vontade para sua leitura na íntegra.   




comentários de Inajá Martins de Almeida 
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PROFESSOR FRANCÊS ENSINA COMO FALAR DOS LIVROS QUE NÃO LEMOS


"... o ensaio de Bayard mostra que o livro não precisa ser uma esfinge ameaçadora bradando "decifra-me ou te devoro" para o leitor incauto, a quem restaria apenas fugir, negando a própria literatura, ou gabar-se aos quatro ventos de ter dominado o monstro. 

O ensaio está dividido em três partes: 

  • "Maneiras de Não Ler"
  • "Situações de Discurso"
  • "Condutas a Adotar"
Mas que é praticamente irrealizável a "obrigação de ler tudo" para ser julgado digno de falar sobre livros". continue lendo