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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O PEREGRINO - John Bunyan


Em mãos O PEREGRINO. Há tempo passava-me sua leitura, porém, outras eram colocadas em seu lugar.



Quem sabe pela longa espera, demoro-me a apreciá-lo. Faço então um breve contato físico. Toco o livro todo; sinto a tessitura do papel, a cor, o formato; aprecio a capa, o nome do autor em tipo itálico, a imagem central, pequena, em tons fortes, obra prima de Edward  Harrison May (1824-1887) - Christian at the Cross - contrastando com a marca d'água e a cor discreta da capa e contra-capa.


O título nos dá a perceber que somos peregrinos em busca de nossa mansão espiritual – nossa verdadeira morada. 


A leitura técnica é feita observando cada detalhe: orelhas, página de rosto, ficha catalográfica, dados gráficos, o sumário, o prefácio... 


Degusto uma a uma as palavras  de seu prefaciador e tradutor Eduardo Pereira e Ferreira e detenho-me numa palavra "transcriação" e maravilho-me, quando se faz porta voz do autor que nos convida a leitura de "seu livro com a cabeça e o coração"  e, como objetivo, oferece uma transcriação da apologia do autor.


Absorvo e abstraio alguns versos e me prostro ante a  destreza da escrita que, num  período  conturbado, de prisões, lutas interiores, questionamentos vários, o autor em cárcere (1675) se vê a tecer, em parelhas ritmadas,  as estrofes de sua composição poética:



Quando no início, peguei da pena

A escrever, mal imaginava a cena,

Que fora compor assim um livrete.

Não, pensava em outro motete,

Mas, já quase concluído – por quê, não sei,

Sem me dar conta, a este me atirei.

...

O livro em que me debruço a escrever.

E assim fiz, sem ter ainda ideia distinta

De assim exibi-lo a todos, papel e tinta.

Só pensava em fazer nem sei quê;

Nem me esforcei, portanto, não vê?

Por agradar ao próximo, não,

Pois o fiz para mim mesmo, adulão.

...

Assim, pena ao papel, com prazer tanto,

Logo vazei as ideias em preto e branco.

Pois sabendo já o método, todo aceso,

Arranquei e tudo me veio; e, teso,

Escrevi até afinal vir a obra ao lume

Essa grandeza de doce, fino perfume. 

...

Brotam do mesmo livro os raios de luz e o brilho

Que transforma mesmo a noite mais escura em idílio?

...

E agora, antes ainda de largar minha pena,

Mostrarei o valor do meu livro nessa arena.

...

Este livro perante teus olhos traceja

O homem que ao prêmio perene almeja;

...

Este livro de ti fará verdadeiro viajante.

E se por ele te deixares guiar adiante,

Até a Terra Santa te levará, nas monções,

Desde que compreendas as suas orientações.

...

Em palavras tais está este livro escrito,

Que até aos lânguidos desperta o grito.

...

Queres tu mesmo ler, sem sequer saber o quê,

Sabendo, porém, por essas linhas mesmas que lês,

Se estás ou não abençoado? Ah, vem então,

E abre meu livro, uma só mente, um só coração”.

...

John Bunyan (1628-1688)


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E permaneço extasiada, olhos fixos, mente arguta a sorver as palavras e a pensar em seu autor, vivendo numa época em que as perseguições a ideias contrárias ao estabelecido da época eram levadas as condições extrema. 


Este, então,  inicia seu relato no cárcere em 1675. Em 1678 a obra é lançada em Londres.

  


Assim, decorridos 333 anos de sua primeira edição (1678-2011), cá estou eu a ler esta que se tornou uma das obras mais vendidas em todo o mundo.


À mente me vem Jeremias 33:3 quando :


“Invoca-me, e eu te responderei, e te direi coisas grandes e ocultas que tu não sabes...”


Creio que muito ainda terei a escrever no decorrer desta leitura. Coisas ocultas me serão reveladas. Acompanhe-me caro leitor.

    


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comentários e transcrições de Inajá Martins de Almeida

(*) Jefferson Magno Costa - texto referenciado 

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Bunyan, John.   O peregrino.   /  John Bunyan.  Tradução Eduardo Pereira e Ferreira. – São Paulo: Mundo Cristão, 2006.

2 comentários:

Luiz Monaro Soares disse...

Olá Inajá!

Achei seu blog meio por acaso!
Gostaria de dizer que também sou um aficcionado por livros, por literatura, por cultura em geral.

Sobre O Peregrino, é um livro mto importante pra mim. Até pq, já o encenei aqui no Teatro Municipal de Mauá, fazendo justamente o papel principal.

Foi uma experiência inesquecível, sem dúvidas!

Caso queira, veja algumas fotos no meu blog: avantecultura.blogspot.com

E pode deixar, que virei aqui mais vezes!

Gde beijo!

Inajá Martins de Almeida disse...

Luiz

Creio que nada nos vem ao acaso. Obrigada pela visita, volte sempre, participe, indique. Vi seu blog e achei ótimo também. Quem sabe você possa trazer a peça para São Carlos. Adorei. O livro é maravilhoso. abraços e até mais