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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

PINÓQUIO

Quarta-feira. Amanhece. Chove em São Carlos. A cidade comporta-se cinza. O prateado da fina água chama atenção ao barulho que os carros provocam em suas poças no asfalto. Aproveitar o dia é tudo que ansiamos, afinal 2016 se aproxima. Chegamos aos trinta dias de dezembro.

Os pássaros se alegram. Cantam. Agitam-se. A praça se cobre de verde. As flores resplandecem suas cores várias.

Água. Vida. A chegada do ano promete surpresas. A natureza se abre à esperança. Eu me alegro. Planejo.

O livro em mãos me fala da magia. Lindo. Encantador. Pinóquio. Entusiasmam-me os versos. Volto à infância. Sinto-me criança. Danço aos versos de Letícia Dansa e passo a trovar:


Quem na infância
não pensou em travessuras
não se sentiu criança
quando no tempo volta à leitura.

É Pinóquio que traz à lembrança
da casa dos pais o aconchego a embalar
belas histórias, sonho da criança
sonhos que se podem sonhar.

E passa o tempo e torna a passar
mas a criança que vive e sonha o livro
logo se põe a contar
lembrança do passado distante, tão vivo.

Livro que pudera encontrar
livro que fora encontrado
entre tantos na estante a clamar
- quero por ti ser abraçado.!

Agora é ele que passa a inspirar
sonho e poesia
da menina distante a sonhar
com fadas, varinhas... quanta magia!

Aprecio o livro
a magia que ele inspira
é o olhar do leitor
que a ele aspira.

E percebe leitor amante
que fala suas páginas como se vivo fora
com boca, cérebro, narinas.

O livro respira!
O livro inspira!

Leitor descortina
as linhas do autor.

Desvenda seus sonhos ocultos
refaz sua veia de poeta
como sombras, vultos
vem segredar, segredos ocultos.

Poemas que não tem fim as linhas embalam
como a ninar a criança
que renasceu em mim.

Letícia Dansa
dansa nos versos da leitora
que adentra a história
na melodia da rima dança...

Dança, Dansa, Letícia Dansa
baila, baila sempre a girar
o sonho da criança
a bailar.

Magia somente possível, quando o livro
se torna a ler
leitura que encanta
quando se aprende a fazer.

Saber ler é uma arte
descobrir sua beleza também
aprende-se a andar
não se distancia do falar.

Mas... é quando se aprende a ler
logo a escrever
que se dá a completude
a completude do ser.

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Esta é a leitora. Esta sou eu quando não consigo  me separar do livro. Aprecio-o. Estudo sua capa. Seus autores. Organizadores. Tudo me leva ao encantamento.

O livro fala. Bibliotecária que aprendi a ser, percebo o livro no seu conjunto. Aí a beleza da obra. Ler o livro no seu todo. Eis o segredo, razão porque ele se torna tão importante para que o lê.

Penso no escritor "o Judeu" (Antonio José da Silva - 1705/1739)  e absorvo algumas passagens de suas décimas e que seja prudente o leitor, diante do meu sonho de criança:



Amigo leitor, prudente, 
Não crítico rigoroso, 
Te desejo, mas piedoso 
Os meus defeitos consente: 
Nome não busco excelente, 
Insigne entre os escritores; 
Os aplausos inferiores 
Julgo a meu plectro bastantes; 
Os encômios relevantes 
São para engenhos maiores. 

Esta cômica harmonia 
Passatempo é douto e grave; 
Honesta, alegre e suave, 
Divertida a melodia. 
Apolo, que ilustra o dia, 
Soberano me reparte 
Ideas, facúndia e arte, 
Leitor, para divertir-te, 
Vontade para servir-te, 
Afecto para agradar-te. 

http://www.fclar.unesp.br/Home/Pesquisa/GruposdePesquisa/Dramaturgia-GPD/OJudeu/aobra_teatrocomicot.pdf


Magnifico encontro Pinóquio, Letícia Dansa, Antonio José da Silva. Passatempo alegre e suave pode compor singela melodia, para divertir quem escreve e agradar quem possa ler. 

Inajá Martins de Almeida - São Carlos 30/12/2015)


AMANHECER ENTRE POEMAS

Amanheci entre poemas!
Quem dera os versos
a primavera
cantar pudera.

São as vozes da primavera
que entoam cantos
nos cantos da sala
em abre alas
para passarem.

Poeta!
Poetiza!
o verso completa
realiza
eterniza!











Ao longe Bem-te-vi
Te vi... Te vi... Te vi...
Trina Bem-te-vi
e torna a trinar
sem cessar.


Amanhece
Amanheci
é este meu amanhecer.







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Inajá Martins de Almeida

São Carlos- 09/02/2016 -