Quarta-feira. Amanhece. Chove em São Carlos. A cidade comporta-se cinza. O prateado da fina água chama atenção ao barulho que os carros provocam em suas poças no asfalto. Aproveitar o dia é tudo que ansiamos, afinal 2016 se aproxima. Chegamos aos trinta dias de dezembro.
Os pássaros se alegram. Cantam. Agitam-se. A praça se cobre de verde. As flores resplandecem suas cores várias.
Água. Vida. A chegada do ano promete surpresas. A natureza se abre à esperança. Eu me alegro. Planejo.
O livro em mãos me fala da magia. Lindo. Encantador. Pinóquio. Entusiasmam-me os versos. Volto à infância. Sinto-me criança. Danço aos versos de Letícia Dansa e passo a trovar:
Quem na infância
não pensou em travessuras
não se sentiu criança
quando no tempo volta à leitura.
É Pinóquio que traz à lembrança
da casa dos pais o aconchego a embalar
belas histórias, sonho da criança
sonhos que se podem sonhar.
E passa o tempo e torna a passar
mas a criança que vive e sonha o livro
logo se põe a contar
lembrança do passado distante, tão vivo.
Livro que pudera encontrar
livro que fora encontrado
entre tantos na estante a clamar
- quero por ti ser abraçado.!
Agora é ele que passa a inspirar
sonho e poesia
da menina distante a sonhar
com fadas, varinhas... quanta magia!
Aprecio o livro
a magia que ele inspira
é o olhar do leitor
que a ele aspira.
E percebe leitor amante
que fala suas páginas como se vivo fora
com boca, cérebro, narinas.
O livro respira!
O livro inspira!
Leitor descortina
as linhas do autor.
Desvenda seus sonhos ocultos
refaz sua veia de poeta
como sombras, vultos
vem segredar, segredos ocultos.
Poemas que não tem fim as linhas embalam
como a ninar a criança
que renasceu em mim.
Letícia Dansa
dansa nos versos da leitora
que adentra a história
na melodia da rima dança...
Dança, Dansa, Letícia Dansa
baila, baila sempre a girar
o sonho da criança
a bailar.
Magia somente possível, quando o livro
se torna a ler
leitura que encanta
quando se aprende a fazer.
Saber ler é uma arte
descobrir sua beleza também
aprende-se a andar
não se distancia do falar.
Mas... é quando se aprende a ler
logo a escrever
que se dá a completude
a completude do ser.
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Esta é a leitora. Esta sou eu quando não consigo me separar do livro. Aprecio-o. Estudo sua capa. Seus autores. Organizadores. Tudo me leva ao encantamento.
O livro fala. Bibliotecária que aprendi a ser, percebo o livro no seu conjunto. Aí a beleza da obra. Ler o livro no seu todo. Eis o segredo, razão porque ele se torna tão importante para que o lê.
Penso no escritor "o Judeu" (Antonio José da Silva - 1705/1739) e absorvo algumas passagens de suas décimas e que seja prudente o leitor, diante do meu sonho de criança:
Amigo leitor, prudente,
Não crítico rigoroso,
Te desejo, mas piedoso
Os meus defeitos consente:
Nome não busco excelente,
Insigne entre os escritores;
Os aplausos inferiores
Julgo a meu plectro bastantes;
Os encômios relevantes
São para engenhos maiores.
Esta cômica harmonia
Passatempo é douto e grave;
Honesta, alegre e suave,
Divertida a melodia.
Apolo, que ilustra o dia,
Soberano me reparte
Ideas, facúndia e arte,
Leitor, para divertir-te,
Vontade para servir-te,
Afecto para agradar-te.
http://www.fclar.unesp.br/Home/Pesquisa/GruposdePesquisa/Dramaturgia-GPD/OJudeu/aobra_teatrocomicot.pdf
Magnifico encontro Pinóquio, Letícia Dansa, Antonio José da Silva. Passatempo alegre e suave pode compor singela melodia, para divertir quem escreve e agradar quem possa ler.
Inajá Martins de Almeida - São Carlos 30/12/2015)
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