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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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segunda-feira, 4 de abril de 2011

SAMPA - Caetano Veloso

Alguma coisa acontece no meu coração 
Que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João 
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi 
Da dura poesia concreta de tuas esquinas 
Da deselegância discreta de tuas meninas 

Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução 
Alguma coisa acontece no meu coração 
Que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João 

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto 
Chamei de mau gosto o que vi 
De mau gosto, mau gosto 
É que Narciso acha feio o que não é espelho 
E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho 
Nada do que não era antes quando não somos mutantes 

E foste um difícil começo 
Afasto o que não conheço 
E quem vende outro sonho feliz de cidade 
Aprende de pressa a chamar-te de realidade 
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso 

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas 
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas 
Da feia fumaça que sobe apagando as estrelas 
Eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços 
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva 

Panaméricas de áfricas utópicas, túmulo do samba 
Mais possível novo Quilombo de Zumbi 
E novos baianos passeiam na tua garoa 
E os novos baianos te podem curtir numa boa.



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No início de 1973 retornei a São Paulo e com as avenidas São João e Ipiranga logo me deparei. 
Recém formada em Biblioteconomia, a cidade da qual me apartara sete anos antes, agora me recebia de braços abertos para a jornada profissional que se iniciava. 
Na rua XV de novembro transitava entre os prédios antigos da cidade e diariamente as portas do Banco Francês e Brasileiro abriam-se para mim. 
Em pouco tempo o viaduto do chá, bem na rua Formosa, eu multiplicaria minhas horas de trabalho, quando então era contratada como a primeira bibliotecária do Sindicato dos Contabilistas. 
Belas memórias. Realmente alguma coisa acontece quando cruzamos a Ipiranga com a São João. 

comentários: Inajá Martins de Almeida

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