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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

QUANDO UMA CARTA REVELA UM SONHO DE CRIANÇA

Cartas sempre nos deixam alegres. Recebê-las. Remetê-las. Quem há de discordar disso! Porém, a brevidade do tempo, as facilidades tecnológicas acomodaram-nos. Distanciaram-nos. Não para Ana Clara, uma garotinha de apenas 8 anos que não se intimida ante o ato de escrever e remeter uma missiva.

O facebook fora o facilitador. O endereço que desconhecia. O desejo ardente de colocar seus sentimentos num livro - escritora "in potencial" a se manifestar. A se expressar.  

E eis que numa tarde de julho, a caixa do correio se vê repleta pelo imenso envelope a saltar-lhe, ficando a mostra.


Mãos trêmulas. Cuidado. Respeito e carinho ao envelope que guarda um sonho de criança, sonho a clamar ser compartilhado. 


Coração a palpitar. Mãos trêmulas. Vagarosas empenham-se a árdua tarefa de abrir aquelas bordas que foram coladas com esmero.

A surpresa. Há outro envelope. Cuidadoso. Trabalhado. Uma pintura, mais representando um  bordado à receptora que aprecia detalhe por detalhe. Sem pressa almeja viver intensamente aquele momento mágico a seus olhos.

E sonha. E imagina os anos transcorridos. Aquela "bebezinha" que no mesmo dia do seu aniversário - 27 de março - nascera.        

E percebe a força do amor. Esse sentimento inexplicável. O amor!

Agora é Ana Clara que se expressa. Seu coraçãozinho tem olhos. É ele - o coração - que lhe direciona às linhas. Ele sabe que o amor da tia Inajá para com Ana Clara é imenso, forte, não percebe distância.

Ah! amor. Sentimento inexplicável  


Noite anterior Ana Clara diz ter a ideia sobre o livro, quando a tia lhe diz sobre o casaquinho de crochê que tecera.

Radiante, sem saber como este seria, passa a imaginá-lo - claro diz o texto.

E, através da tela do computador, quem supor pudera reconhecer as palavras, as quais teceriam o texto. O argumento. O desenrolar da história.

Ela que já se apresentava como leitora assídua, revela o gosto pela escrita. 

- Já tenho alguns livros escrito - confessa entre uma escrita e outra no facebook. À sua interlocutora - a tia - uma história dedicaria.

Eis que! Passara minha vida entre livros, agora seria a protagonista de um. Quando imaginar me fora possível.

O carteiro, não o percebo. Os cachorros dão sinais. Latem. Chamam atenção para o fato. Mas... Seus alaridos não encontram eco. 

O silêncio respeitoso do profissional.   A caixa de correio. O  envelope pardo. Apenas aguardam.

Agora a surpresa. Em  mãos - o livro. Sensação inexplicável. 

Olhos marejados a percorrer as linhas. 

Letrinhas bem trabalhadas. Alguns errinhos de português deixam-se levar pela perfeição da imaginação, da escrita, dos desenhos, da formatação, dos detalhes que se encontram nos livros editorados.

E o texto começa como toda história deve começar: - Era uma vez...



Agora é a leitora que agradece a dádiva de ser agraciada com a sobrinha neta. 

Ao sobrinho pudera embalar nos braços. Este a presenteia.

Gerações embaladas pelo amor.  







Ana Clara. 
Pequena escritora desponta. 
Alinhava sonhos. 
Tece as linhas do imaginário.

Um casaquinho de crochê.
Pontos tecidos
alcançaram aquele coraçãozinho
de menina sonhadora.








Ponto a ponto
a combinar cores:

rosa, 
rosa e branco mesclado, 
branco
o casaquinho anseia o corpinho
da menina que sonha
e faz a tia Inajá sonhar.
  





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  • fotos, montagem, captura de imagens e texto   : Inajá Martins de Almeida 
  • a partir da história escrita e registrada em livro: Ana Clara

Um comentário:

Inajá Martins de Almeida disse...

Inajá Martins de Almeida17 de agosto de 2013 09:27

Cara escritora Ely

Acompanho teus textos. Ricas informações. Palavras repletas de lirismo. O dom da escrita lhe fora generoso.

Cartas. Delas, quantas lembranças registradas. Missivas trocadas. Guardadas. Rasgadas.

Quando se pensava que a velocidade do computador traria nova forma de comunicação, como trouxe realmente, as cartas parecem clamar das sombras do esquecimento.

Os correios sempre repletos de pessoas. Modernos. Confiáveis.

Dia desses, meu coração se encheu de carinho e alegria. Era minha sobrinha neta, uma garotinha de apenas 8 anos quem me surpreendia.

Não era apenas uma cartinha corriqueira, mas um livro. Escrito, formatado, ilustrado, montado com esmero ímpar.

Agora, teu texto, este espaço, querer compactuar minha satisfação me remete a estas linhas e lhe apresento o sonho de criança http://retalhosdeleituras.blogspot.com.br/ que ficará registrado, não somente em minhas memórias, mas nesta galáxia internet, para quem quiser usufruir deste momento singular.

Tuas líricas palavras também me levaram às minhas mais tenras lembranças, quando os correios podiam compartilhar sonhos, numa época em que não se imaginava estar frente a uma tela a escrever.

Os dois podem registrar momentos incríveis. No primeiro, as cartas, a letra desenhada, o papel escolhido, a tinta, o envelope, a postagem... a expectativa da recepção. O anseio pela resposta.
No segundo, o tempo a compactuar a nosso favor, mas nem sempre nossa fala encontra eco. Nossos textos comentários. Nossos e-mails respondidos.

Ah! Machado de Assis. O que teria mudado?

Ely. Mais uma vez foram elas, as cartas, que me motivaram a tantas linhas. Ou será tua escrita esmerada. Ou ainda o gosto de me expressar. Quem sabe tudo quanto e mais pudera formar o mix de impressão.

Lindo teu texto. Meu desejo de compartilhar um sonho também grita este espaço. E abro parênteses.

Obrigada por disseminar tuas lembranças e nos deixar adentrar teu universo.

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Ely Vieitez Lisboa - responde
17 de agosto de 2013 10:21

Querida Inajá,

Seus comentários são riquíssimos, mostram sua sensibilidade, erudição, cultura.
Viveu muito tempo entre livros, consubstanciou-se com eles?!
Abri seu Blog.
Um tesouro, sério, com textos belos, informações preciosas.
Efusivas congratulações.
Raramente vi um Blog tão rico e variado.
Você deve ter enorme facilidade para trabalhar com este instrumento moderno, que e a Internet.

Beijos. Ely