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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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domingo, 27 de novembro de 2011

LITERATURA: leitores e leitura - Marisa Lajolo

Nascida entre livros e leitores, o assunto não me farta, tampouco se esgota. É o caso deste que ora deixo um comentário. É um olhar a partir do meu ponto de vista.

Bibliotecária, jamais aventuro-me à leitura sem contudo um breve passar de olhos técnicos em todas as informações preliminares: capa, contra-capa, orelhas, folha de rosto, etc...

É a dedicatória que me toma um tempo considerável. É a dedicatória que me leva a transcrevê-la neste espaço, quando a autora declina:

"Este livro é dedicado a meus alunos, tantas vezes meus mestres.
Queridos discípulos e discípulas, tão insubstituíveis na formulação de questões, tão impacientes e saudavelmente polêmicos na discussão de problemas! E, sobretudo, sempre tão solidariamente presentes ao longo de cursos, pesquisas, corredores e internet!

E, do começo ao final do livro, a escritora me leva ao mundo encantado e inquiridor do que seja literatura.

São nossos textos considerados literários? Pode ser considerado literatura obras engavetadas que não são de conhecimento e domínio público? Afinal o que é literatura?

Percebo que desde minhas aulas na Faculdade de Biblioteconomia e Documentação de São Carlos, Dona Carminda Nogueira de Castro Ferreira, já nos levava a desbravar o universo literário, o qual meus anseios de jovem ávida pelos poemas, pelos romances melodiosos, embevecia-me ante suas vidas, muitas vezes repletas de dores, sofrimentos, saudades, paixões. Épocas em que apenas em nossas  fantasias podíamos contemplar e sermos co-autores de tantas obras que desfilavam durante as magistrais aulas.

Neste livro Marisa resgata em mim o gosto pelas letras, pelas linhas. Os livros bailam ao meu redor, eu que os tive em mãos, delicadamente arranjados nas estantes, milimetricamente etiquetados - Ah! lembranças que se vão e que deixam saudades.

Sinto, agora,  forte desejo de também poder ocupar um espaço numa estante de biblioteca, quando a escritora latente esboça suas próprias linhas. Não com a preocupação de ser literatura ao pé da letra, aos moldes acadêmicos, mas tenho sim o gosto de poder me ver envolvida com tantos autores em minhas leituras, sentindo o gosto de recriar sua obra sob um ponto que pode ir além da vista.

Que delícia saber que "discutir literatura é abrir os olhos e ouvidos, e olhar e ouvir em volta, ler livros, meditar sobre as frases pintadas a spray em muros e edifícios da cidade, e fazer a eles a pergunta: o que é literatura?  


Saber então que fazemos parte daqueles em que: "seus nomes são desconhecidos, suas obras são difíceis de serem encontradas, não constam das bibliotecas, ninguém fala delas. Eles imprimem às vezes seus próprios livros e não encontram leitores para além da família e dos amigos mais próximos".


Mas, também é bom saber que ainda que não consideradas literatura, como aos moldes estabelecidos, percebemos a satisfação de poder estar aqui contribuindo, para que a palavra seja levada aos quatro cantos, através deste veículo de informação, que tanto facilita aos anônimos não se tornarem tanto anônimos assim, e aos que gostam de escrever, não se sentirem tanto sem leitores, porque é isto que a literatura requer - que haja alguém que a escreva e alguém que a leia, daí ser ou não literatura é somente questão de ser ou não ser.

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Lajolo, Marisa   /  Literatura: leitores e leitura   /   Marisa Lajolo   -   São Paulo: Moderna, 2011.

4 comentários:

Elvio Arruda disse...

Penso que no Brasil o autor mais conhecido é o desconhecido, como citado no livro. Aquele que guarda seus escritos não publica, o grafiteiro, o pichador e o maior de todos o A.D, o autor desconhecido.
Elvio

Inajá Martins de Almeida disse...

Olá caro amigo.
Muito bem lembrado.
Obrigada pelas palavras sempre.
Podemos ser desconhecidos, mas nossos escritos não.
Ainda que desconhecido ele bem sabe que é dele que se fala, ainda que por bem ele se cala.
Penso que nós estamos a sair do anonimato.

Agris disse...

Inajá... é muito emocionante pra nós, filhos de D. Carminda, ver como ela é lembrada, e com muito carinho e amor, por você...
Obrigada, Inajá... isso nos faz crer, cada vez mais, como ela foi sábia em suas colocações e como isso ficou gravado nas pessoas que ouviam o que ela dizia!!!!

Com amor, querida!!!! Obrigada mesmo!

Rosa

Inajá Martins de Almeida disse...

Rosa
Que bom encontrá-la aqui.
Saiba que Dona Carminda jamais é e será esquecida por mim.
Atualmente participo de um projeto para jovens aprendizes, onde tenho a oportunidade de passar informações, momento em que oriento a encontrar nos retalhos que a vida nos proporciona, motivo para tecer colchas durante a jornada.
Foi assim que nossa magistral professora deixou em mim esse incentivo maior.
Jamais me apartei dos retalhos.
Sabe que até já estou a colher frutos, pois alguns se referem eles.
Maravilhosas lembranças.
Um beijo carinhoso. Saudade.