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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

LIGUE-ME QUANDO QUISER

 Reflexão por Inajá Martins de Almeida


Encontros expressam o que a alma, nem sempre, consegue colocar em palavras.

O grande escritor José Saramago, se vê a imaginar o gosto de uma ligação, gesto tão simples, mas que consigo pode acarretar falta de interesse, quem sabe.

Mas... Será que esse mesmo desejo pode nos alcançar também? 

Sem dúvida! 

Horas a imaginar o toque suave do chamado. O alô do outro lado a questionar - como vai? O som abafado da voz, aos sussurros abafados, embargados, enclausurado, num corpo  a ansiar pelo abraço, pelo aperto de mãos que, a muito, se tornou frio, vazio do aconchego de outrora. Uma comunicação suspensa, pela longa ausência de palavras, de como vai... de trocas de vivências que a muito não se faz interessante e necessária, para um dos lados; com certeza aquele que ávido espera pacientemente.

Motivos para tal, qual necessidade teria? Questões que se fazem prementes quando da ausência demorada, dos dias que seguem silentes. Natal, aniversário, dias especiais. Não haveria obrigatoriedade, apenas o saber ser lembrado, o coração já saltaria em palpitação acelerada, o rosto resplandeceria de alegria a se tornar visível. 

Seria essa espera exigir o impossível? Seria um gesto simples e tão pequeno de acionar o número registrado no celular, o não fazer? Seria pois descaso, desconexão com um passado tão significativo para ambos? Seria, pois, possível romper um laço que se formou através de um cordão, de um DNA? 

Mas, ainda que possa aparentar um gesto apenas obrigatório, já bastaria para que o coração de uma mãe, de um pai, tornasse a palpitar com alegria infinita. Gesto de caridade até, de bondade, de empatia.

Saramago entendeu a complexidade da comunicação. Não exigiu a aparência, a sede, ou até a invenção do que não existe.

Mas... como tempos fluídicos, em que o fio cibernético abrevia distâncias, o desejo de se fazer presente, de poder estar próximo, quiçá, na maioria das vezes, inexiste.  

Que pena que o ligue-me quando quiser, pode ocorrer tardiamente, quando já não se espera mais. 


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Breve reflexão neste findar de Natal/2024
Ano Novo se aproxima. Novas perspectivas de renovo. Novas expectativas que almejam respostas, novas páginas por serem escritas. 


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