O que faço então?
Primeiro passo: admiro a própria capa e lá encontro a indicação de que provocações filosóficas envolvem o não nascermos prontos.
Segundo passo: aprofundo-me um pouco mais quando encontro o autor a nos elucidar de que "é a insatisfação que nos move" que "quando estamos insatisfeitos, criamos, inovamos, refazemos, modificamos e, assim, vamos nos construindo".
Terceiro passo: detenho-me tempo demorado no prefácio. É sempre um momento mágico, onde aquele que da obra fala, dá-nos pistas do que iremos encontrar nas páginas que nos convidam à leitura. Percebo a inquietação do filho incumbido a prefaciar o livro do próprio pai. Tarefa difícil para qualquer um, mas que logo se vê mais a vontade, pois qualquer deslize seria relevado, uma vez que se não nascemos prontos, o dia-a-dia está a nos ensinar, a nos enriquecer em aprendizado; que os questionamentos levam ao aprendizado que gravita desde a era pré-cristã à nossa modernidade. E, por fim, ao término da leitura, uma sensação de querer mais, de que o tempo foi vivido naquelas páginas. De que perguntas podem e devem gerar conhecimento. E, acima de tudo, deixa-nos uma "pensata" que, a mim fez vibrar e querer adentrar o universo do autor sem perda de tempo, pois "uma das melhores formas de se viver o tempo é ao lado de um bom livro. Aproveite!" diz André Cortella
Quarto passo: adentro o conteúdo e logo encontro nas primeiras linhas Guimarães Rosa a chamar atenção ao fato de que "o animal satisfeito dorme". Assim percebo o quanto a insatisfação nos leva a tornar claro a escuridão que nos permeia.
Quinto passo: aqui me rendo quando na contra-capa o autor esclarece que "gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta e vai se fazendo". Nosso grande desafio, portanto, é resistir a inércia, ao repouso. O estar insatisfeito nos leva a conquistar, a criar, inovar, aperfeiçoar, modificar.
Surpreendentes as 31 "pensatas".