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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

CORA CORALINA: raízes de Aninha - Clóvis Carvalho Britto e Rita Elisa Seda

O livro, presente de meu filho nesse domingo (12/09/2010) não poderia ter sido mais maravilhoso. O estar entre livros faz com que essas brilhantes surpresas aconteçam. 

"Desistir? Eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério.
É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça".

Geraldo Eustáquio de Souza


Cora Coralina, pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas, é o exemplo de  mulher guerreira que nos fica e nos impulsiona a conquistar sonhos.


"Poesia para mim é comunicação... é invenção, porque só o gênio cria. Hoje nós temos de achar a poesia na realidade da vida e a vida toda é poesia. Porque onde há vida, há poesia. Poesia para mim é um ato visceral. É um impulso que vem de dentro e, se eu não obedecê-lo, me sinto angustiada".


Cora Coralina pode falar por tantas mulheres - poetisas do cotidiano. Mulheres virtuosas que também retrato em versos. Elas podem ser encontradas em todos os lugares, também na poesia.
Muito de sua obra que ficou no silêncio, aos poucos vai sendo a nós revelada, como a que agora se apresenta. Magnífica formatação, textos ricamente dedicados.


Se Cora Coralina trouxe grande contribuição para a literatura brasileira, o que dizer de Rita Elisa Seda, que tão bem incorporou a personagem, mesclando sua fala às dela, quando então não se percebe quando inicia uma e termina a outra. 


Respondendo a um comentário desta que escreve a escritora Rita Elisa assim se manifesta com relação à sua biografada:


"Quem ama Cora Coralina ama a poesia mais pura, ama a humildade mais sublime, ama a política mais honesta, ama a religiosidade mais santificante e ama a doceira que traduzia em pura magia dos doces glacerados, como se estivessem vitrificados, algo que só o amor pode produzir. Saboreie o livro, ele é destinado aos que amam Cora Coralina". Rita Elisa Seda
http://palavrasdeseda.blogspot.com/


É assim que o texto envolve, do início ao término das suas mais de quatrocentas páginas, as quais vão sendo sorvidas, num gostinho saboroso de querer voltar sempre a leitura, numa nova releitura, quando até se pode ir além do ponto, num novo texto que se inicia na mente dos leitores ( Inajá e Elvio). É amar um pouco mais, adentrar o universo da escritora Cora, através de outra escritora que tão bem incorporou Cora Coralina - Rita Elisa Seda.


Leia magnífica resenha do livro, assim como um comentário desta que escreve, no link : 
http://palavrasdeseda.blogspot.com/2010/07/resenha-de-benilson-toniolo-sobre-o.html


"A máscara lírica Aninha é um resgate da infância vilaboense de Anica, Anoca, ou seja, de Anna Lins dos Guimarães Peixoto – Cora Coralina. Onde ela traduz em poesia suas reminiscências lúdicas, religiosas, normas de educação e estórias.  A semente Aninha foi gerada, germinada e cresceu em Vila Boa de Goyaz, capital da província. Ao sair do estado, rumo ao sul, foi mãe, esposa, avó, jornalista, contista, cronista, poeta, política, religiosa, ambientalista e comerciante. Depois de uma sua odisséia pelo estado de São Paulo retornou para suas raízes".


<  clique para ler a matéria >
 


comentários Inajá Martins de Almeida

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Brito, Clóvis Carvalho e Seda, Rita Elisa.   Cora Coralina: raízes de Aninha  /  Clóvis Carvalho Britto, Rita Elisa Seda.   Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2009.

OS CONTOS - Giuseppe Tomazi di Lampedusa

Giuseppe Tomasi di Lampedusa, autor siciliano, nascido em Palermo em 1896, em sua obra, Os Contos, chama-me atenção especial quando diz ser imprescindível que nossas memórias sejam registradas.

A partir desse momento, torno minhas suas palavras, e passo a perceber e dar importância maior aos fatos cotidianos, que muitas vezes fortuitos foram ao meu olhar. Passo então almejar o registro das cenas presentes com mais assiduidade. Tento resgatar o passado que, gradativamente, vem falar de mim.

Percorrendo locais de sua infância, lugares, a casa natal, por ele desenhada, busca levar o leitor a um cenário bucólico. A aristocracia em que nascera, a qual lhe outorgara o título de conde, já não lhe era mais permitida, posto perdas várias, mas o registro é marcado por uma narrativa contagiante, que nos remete a uma época e lugar não desconhecidos de nós – a velha Europa.

Quantos não percorreram vales e montanhas, rios e desertos áridos em suas vidas. A diferença é que uns deixaram registros outros não. Penso até que Lampedusa estivesse num momento de pura amargura ao escrever as palavras iniciais, com uma frase forte : “ao encontrarmo-nos no declínio da vida”. Talvez até estivesse em sua fase derradeira; penso sim que o declínio não seja o término de sua existência, posto que vem a falecer em 1957 e o livro fora escrito muito antes.

Bem, este é o leitor. Quer adentrar as entrelinhas, os pensamentos do próprio autor. Triste ou não, amargurado pelas adversidades, ou quem sabe... lega-nos uma máxima de uma veracidade inigualável.     

Também imagino o quão benéfico seriam nossas memórias escritas, para que gerações futuras, aquelas que não puderam nos ver, nos conhecer pessoalmente, pudessem saber de nós através das linhas: “o material acumulado...  teria valor inestimável”

Assim, é que a partir daquele momento, daquela leitura, minha vida jamais fora a mesma.


"Ao encontrarmo-nos no declínio da vida , é preciso procurar reunir a maior parte das sensações que perpassaram esse nosso organismo. Poucos conseguirão construir assim uma obra prima (Rousseau, Stendhall, Proust), mas todos deveriam poder preservar, desse modo, algo que sem esse pequeno esforço perderia-se para sempre. Manter um diário ou escrever, em certa idade, as próprias memórias deveria ser obrigação “imposta pelo estado”: o material acumulado após três ou quatro gerações teria valor inestimável. Resolveria muitos problemas psicológicos e históricos que afligem a humanidade. Não existe memória, embora escritas por personagens insignificantes, que não apresentem valores sociais e pitorescos de primeira ordem”. (Tomasi di Lampedusa - Os Contos)

comentários de Inajá Martins de Almeida
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Tomasi di Lampedusa, Giuseppe – Os contos  /  Giuseppe Tomasi di Lampedusa; tradução de Loredana de Stauber, ilustrações de Gustavo Rezende.   Berlinds e Vertecchia Editores.   

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

CARLOS NEJAR - Feira do Livro Ribeirão Preto

Revendo meus retalhos, encontrei algumas falas do grande poeta Carlos Nejar, quando da realização da 8ª Feira do Livro de Ribeirão Preto no dia 06 de junho de 2008.
Momento magnífico em que Nejar fala sobre sua experiência com a palavra, sob apontamentos desta.

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"Foram as palavras que me começaram. As palavras tem cor, tem brilho e escondem um mundo atrás delas... As vezes não é a inteligência que aprende o sentido das palavras, mas é ele, o sentido, que nos alcançam e nos descobrem. No momento em que designamos a palavra, ela toma um sentido novo".
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"O poema, sobretudo, deve ser dito e eles são feitos para serem lidos em voz alta. É da natureza do poema ser uma voz coletiva, daquele que não pode falar, mas que quer falar, porque a poesia fala por si. O poema se comunica, tem vida própria. Se os poemas não sobreviverem por eles mesmos, não adianta nada eu defendê-los. O poema, muitas vezes é nosso filho, mas outras tantas é nosso pai ".
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"A gente pode ler com paixão e o livro, deve ter a sua própria respiração".
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"Se a gente escreve um livro para mudar uma vida, já valeu tê-lo escrito".
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"As coisas são mágicas, ou nada. Podemos inventar a realidade e nos encantar com ela".
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"A vida é muito maior do que a gente, e o que a gente escreve é muito maior do que a gente é, porque a obra tem de ser maior do que o autor".
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"A arte de resistir é a arte da palavra, porque antes de tudo, é a arte da vida".
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"Percebemos que não podemos deixar a pedra no meio do caminho; temos de removê-la, transformar a pedra em outra realidade".
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"A língua portuguesa é uma ventura de almas".

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(8ª Feira do Livro de Ribeirão Preto 09 de junho de 2008 - Escritor Carlos Nejar - Salão de Idéias. Anotações efetuadas e transcritas pela bibliotecária Inajá Martins de Almeida)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A ARTE DE LER - José Morais

"Os prazeres da leitura são múltiplos. Lemos para saber, para compreender, para refletir. Lemos também pela beleza da linguagem, para a nossa emoção, para a nossa perturbação. Lemos para compartilhar. Lemos para sonhar e para aprender a sonhar".

De onde vêm as dificuldades que uma criança pode encontrar? Afinal O que vem a ser leitura? Como se aprende a ler?

O autor José Morais, de origem portuguesa em cinco capítulos, faz um estudo , apontando suas inquietações e reflexões, numa abordagem científica que leva o leitor a se inteirar do assunto de forma clara, objetiva e acessível. 

comentários Inajá Martins de Almeida

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Morais, José.   A arte de ler   /  José Morais: tradução Álvaro Lorencini  -  São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996 - (Encyclopaidéia)

RETRATOS DA LEITURA NO BRASIL - Galeno Amorim (org.)

"Contribuição extraordinária para quem tem qualquer tipo de atuação ou responsabilidades em torno da questão do livro e da leitura no País", uma vez que "investigar o comportamento leitor do brasileiro não é tarefa fácil", diz seus autores.

"Retratos de Leituras no Brasil, originado de pesquisa homônima, convida o leitor a refletir sobre os sentidos socioculturais do ato de ler, tanto na história da sociedade brasileira quanto das sociedades, cujo fundamento é o livro".  

Material substancial para se ter um retrato dos livros e da leitura que está sendo desenvolvida no Brasil. Enquanto há pensamentos que querem colocar a leitura em patamares aquém dos reais, o livro aborda um ângulo em que em época alguma se dedicou tantos esforços para promover o livro e a leitura quanto em nosso tempo. 

Bibliotecas são implantadas, livros editados em larga escala e disponibilizados nas mãos de leitores de forma incontável, através quer de ações governamentais, não governamentais, quer particulares, ou até mesmo da própria comunidade.

Retratos da Leitura - retrato de uma nação leitora - mostra que realmente "uma nação se faz com homens e livros" como exortava o inesquecível Monteiro Lobato.

comentários Inajá Martins de Almeida

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Retratos da leitura no Brasil  /  Organizador Galeno Amorim.  - São Paulo: Imprensa Oficial: Instituto Pró-Livro, 2008.