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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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domingo, 25 de maio de 2025

DE REPENTE


 
De repente, uma viagem nos motiva, faz o tempo parar, dá-nos fôlego, visão de que há um tempo de refrigério, de não fazer nada - curtir a paisagem, o percurso, as pessoas que nos cercam de carinho.

De repente, um dia apenas, nos faz refletir a possibilidade em apenas nos dar o descanso necessário possível - a oportunidade de esvaziar a mente, o dia atarefado, o quarto fechado, armários abarrotados de saudade, de memórias passadas.

De repente, nos damos conta de que o armário espaçoso já não preenche o vazio da alma, que clama presença, numa ausência que se estende, palavras não ditas, silêncios conturbados. 

De repente, o armário se torna peça desnecessária - objetos que não mais cumprem sua utilidade, aos poucos vão se tornando estranhos - roupas em cabides, gradativamente envelhecem sem uso, postergado para algum momento especial que jamais chega.

De repente, o tempo passa - dia após dia. O peso se torna insustentável e o corpo clama alívio - basta!

É quando, de repente, as gavetas se abrem, objetos, roupas, lembranças esquecidas, memórias rotas, são retiradas e a consciência vai se esvaziando de pesos mortos. A alma se transforma, o passado se reescreve.

E, quando de repente os espaços se reorganizam, os vazios se dão conta de que é possível o tempo fluir de presente, as gavetas se encherem de novos sonhos e esperanças, ante a perspectiva de que em cada espaço esvaziado de passado, que se permitiu estancar, a vida fluir leve, porque a história, agora, é decisão de deixar partir o que nos aprisionou por tanto tempo, possível apenas num de repente, quando uma viagem nos permite olhar além da janela do quarto.

Porque, somente quando se permite alongar horizontes, sair das quatro paredes de um quarto, reorganizar o interior e se perceber em um novo recomeço, através do que já não se torna mais necessário, é que se começa a viver uma nova etapa da vida, aquela somente alcançada, quando de repente, uma viagem, o simples passeio, torna possível o que em longa jornada se julgava impossível, porque num repente, os olhos passam a observar o clamor da alma a pedir por espaço.  


Texto de Inajá Martins de Almeida

    

quinta-feira, 1 de maio de 2025

POR QUE NÃO COSTURAR O TEMPO

 Sempre encontros perseguem quem os possam encontrar, quando a mente se predispõe aos tais. 

Poemas que se escrevem, através de mãos desconhecidas, mas que se permitem reescrever. 

Mãos talentosas que se esmeram em bordar amigos, amantes, pessoas inesquecíveis. 

Passado que requer novas linhas. Espaços em aberto a recriar cenas, desvendar segredos em baús acalentados. 

Linhas que perseguem, ávidas por novas construções, novos bordados.

 Retalhos entre sonhos de memórias, quiçá esquecidas, que se refaz ante a perspectiva do encontro feliz entre linhas, esculpidas no anonimato do autor, mas que, neste agora encontram eco nas linhas da poetisa que se apresenta.

Ao autor desconhecido, o agradecimento pela ideia imaginária, para que novas linhas viessem costurar retalhos para a composição das páginas deste blog. 


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Imagens e poema retirado do facebook poesia-me

acrescido do poema da autora Inajá Martins de Almeida


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