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"Entre livros nasci. Entre livros me criei. Entre livros me formei. Entre livros me tornei. Enquanto lia o livro, lia-me, a mim, o livro. Hoje não há como separar: o livro sou eu - Bibliotecária por opção, paixão e convicção".

Lemos porque a necessidade de desvendar e questionar o desconhecido é muito forte em nós”

"O universo literário é sempre uma caixinha de surpresas, em que o leitor aos poucos vai recolhendo retalhos. Livros, textos, frases, poemas, enfim, variadas formas de expressão que vão compondo a colcha de retalhos de uma vida entre livros. É o que se propõe".

Inajá Martins de Almeida

assim...

"Quem me dera fossem minhas palavras escritas. Que fossem gravadas num livro, com pena de ferro e com chumbo. Para sempre fossem esculpidas na rocha! (Jó 19:23/24)

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“Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância.”

Fernando Pessoa - Poeta e escritor português (1888 - 1935)

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sábado, 18 de abril de 2015

CASA GUILHERME DE ALMEIDA







Um cantinho só para Mário

Espaço reúne doações do escritor Mário de Andrade, patrono da Biblioteca Municipal, ao acervo local na década de 40.

A relação do escritor Mário de Andrade com Araraquara vai muito além do romance “Macunaíma”, marco do modernismo no Brasil, que ele escreveu em seis dias durante férias na Chácara Sapucaia, de seu tio Pio Lourenço Corrêa, em 1926.

Por ser um grande incentivador e colaborador da ideia, ele também batiza a Biblioteca Municipal, que começou a funcionar em 1945.

E lá, a supervisora técnica Fátima Aparecida Zampiero Ramos resolveu criar um espacinho especial para coroar toda a colaboração cultural de Mário para com a cidade, afinal, na década de 40, ele doou seu acervo para a Biblioteca, à época formado por cerca 600 livros. Além de textos autorais, muitos romances, alguns em inglês e francês.

Mas como Fátima conseguiu separar tudo isso em meio a cerca de 55 mil obras? É simples. Desde do fim da década de 1990, quando a Biblioteca Municipal começou a digitalizar o cadastro das obras, ela passou a separar tais livros automaticamente, porém com muito zelo e dedicação.

“Pedi autorização a minha gerente na época para, aos poucos, começar a separá-las, e, assim, fomos deixando algumas separadas para futuramente reuni-las para algo especial, pois são históricas”, diz a supervisora.

Dito e feito. Há quatro meses, efetivamente, Fátima organizou 430 obras e as deixou para visitação em um cantinho especial dentro da Sala “Pio Lourenço Corrêa”. Esse espaço tem visitação gratuita, porém é limitado apenas para pesquisa.
Marcos Leandro
Espaço reúne acervo doado por Mário de Andrade à Biblioteca Municipal
Vale dizer que, com o tempo, alguns livros sumiram, por motivos diversos. “Era fácil identificar alguma peça da coleção dele, pois algumas tinham um selinho. Em algumas situações, ele já havia caído, porém o espaço ainda está ali”, revela.

AMIGOS FAMOSOS - Outra maneira de identificar algum livro pertencente a Mário de Andrade é pelas dedicatórias mais que especiais, assinadas por outros nomes da literatura brasileira, como Cecília Meireles e Vinícius de Moraes, por exemplo. Alguns, inclusive, foram dados como presente à Biblioteca.

“Mário foi um grande incentivador da criação da biblioteca. À época, inclusive, além de defender a ideia junto ao prefeito de Araraquara, ele fez até um pedido oficial em um folhetim da Imprensa do Estado de São Paulo requisitando doações para o acervo. Vale dizer ele que só veio a batizar a Biblioteca pouco depois de sua morte, como uma homenagem póstuma a sua contribuição cultural para a cidade”, finaliza Fátima Aparecida Zampiero Ramos.

A Biblioteca Municipal “Mário de Andrade” está entre as 33 bibliotecas de todo o Estado de São Paulo a ter em seu acervo uma coleção de livros raros. A informação consta na última publicação do Guia do Patrimônio Bibliográfico Nacional de Acervo Raro, da Biblioteca Nacional.
Marcos Leandro
Livro doado por Cecília Meireles a Mario para que este a entregasse à Biblioteca de Araraquara
QUEM FOI MARIO - Mário Raul de Morais Andrade nasceu em São Paulo, no dia 9 de outubro de 1893. Sua influência foi decisiva para o modernismo se fixar definitivamente no Brasil. Estudou música, escreveu sobre folclore, pintura e também foi crítico de arte em jornais e revistas. Em 1917, escreveu seu primeiro romance sob o pseudônimo de Mário Sobral: “Há uma gota de sangue em cada poema”.

Nela, defendia a paz e criticava a Primeira Guerra Mundial e todas as consequências que ela causou. “Macunaíma”, sua mais célebre obra com o famoso anti-herói, teve suas linhas escritas em Araraquara. Muitos pensam que ele e Oswald de Andrade tinham algum parentesco; porém, não é verdade. Mário de Andrade morreu em São Paulo em 1945, aos 51 anos.