Um cantinho só para Mário
Espaço reúne doações do escritor Mário de Andrade, patrono da Biblioteca Municipal, ao acervo local na década de 40.
Por ser um grande incentivador e colaborador da ideia, ele também batiza a Biblioteca Municipal, que começou a funcionar em 1945.
E lá, a supervisora técnica Fátima Aparecida Zampiero Ramos resolveu criar um espacinho especial para coroar toda a colaboração cultural de Mário para com a cidade, afinal, na década de 40, ele doou seu acervo para a Biblioteca, à época formado por cerca 600 livros. Além de textos autorais, muitos romances, alguns em inglês e francês.
Mas como Fátima conseguiu separar tudo isso em meio a cerca de 55 mil obras? É simples. Desde do fim da década de 1990, quando a Biblioteca Municipal começou a digitalizar o cadastro das obras, ela passou a separar tais livros automaticamente, porém com muito zelo e dedicação.
“Pedi autorização a minha gerente na época para, aos poucos, começar a separá-las, e, assim, fomos deixando algumas separadas para futuramente reuni-las para algo especial, pois são históricas”, diz a supervisora.
Dito e feito. Há quatro meses, efetivamente, Fátima organizou 430 obras e as deixou para visitação em um cantinho especial dentro da Sala “Pio Lourenço Corrêa”. Esse espaço tem visitação gratuita, porém é limitado apenas para pesquisa.
AMIGOS FAMOSOS - Outra maneira de identificar algum livro pertencente a Mário de Andrade é pelas dedicatórias mais que especiais, assinadas por outros nomes da literatura brasileira, como Cecília Meireles e Vinícius de Moraes, por exemplo. Alguns, inclusive, foram dados como presente à Biblioteca.
“Mário foi um grande incentivador da criação da biblioteca. À época, inclusive, além de defender a ideia junto ao prefeito de Araraquara, ele fez até um pedido oficial em um folhetim da Imprensa do Estado de São Paulo requisitando doações para o acervo. Vale dizer ele que só veio a batizar a Biblioteca pouco depois de sua morte, como uma homenagem póstuma a sua contribuição cultural para a cidade”, finaliza Fátima Aparecida Zampiero Ramos.
A Biblioteca Municipal “Mário de Andrade” está entre as 33 bibliotecas de todo o Estado de São Paulo a ter em seu acervo uma coleção de livros raros. A informação consta na última publicação do Guia do Patrimônio Bibliográfico Nacional de Acervo Raro, da Biblioteca Nacional.
Nela, defendia a paz e criticava a Primeira Guerra Mundial e todas as consequências que ela causou. “Macunaíma”, sua mais célebre obra com o famoso anti-herói, teve suas linhas escritas em Araraquara. Muitos pensam que ele e Oswald de Andrade tinham algum parentesco; porém, não é verdade. Mário de Andrade morreu em São Paulo em 1945, aos 51 anos.