Nascida entre livros e leitores, o assunto não me farta, tampouco se esgota. É o caso deste que ora deixo um comentário. É um olhar a partir do meu ponto de vista.
Bibliotecária, jamais aventuro-me à leitura sem contudo um breve passar de olhos técnicos em todas as informações preliminares: capa, contra-capa, orelhas, folha de rosto, etc...
É a dedicatória que me toma um tempo considerável. É a dedicatória que me leva a transcrevê-la neste espaço, quando a autora declina:
"Este livro é dedicado a meus alunos, tantas vezes meus mestres.
Queridos discípulos e discípulas, tão insubstituíveis na formulação de questões, tão impacientes e saudavelmente polêmicos na discussão de problemas! E, sobretudo, sempre tão solidariamente presentes ao longo de cursos, pesquisas, corredores e internet!
E, do começo ao final do livro, a escritora me leva ao mundo encantado e inquiridor do que seja literatura.
São nossos textos considerados literários? Pode ser considerado literatura obras engavetadas que não são de conhecimento e domínio público? Afinal o que é literatura?
Percebo que desde minhas aulas na Faculdade de Biblioteconomia e Documentação de São Carlos, Dona Carminda Nogueira de Castro Ferreira, já nos levava a desbravar o universo literário, o qual meus anseios de jovem ávida pelos poemas, pelos romances melodiosos, embevecia-me ante suas vidas, muitas vezes repletas de dores, sofrimentos, saudades, paixões. Épocas em que apenas em nossas fantasias podíamos contemplar e sermos co-autores de tantas obras que desfilavam durante as magistrais aulas.
São nossos textos considerados literários? Pode ser considerado literatura obras engavetadas que não são de conhecimento e domínio público? Afinal o que é literatura?
Percebo que desde minhas aulas na Faculdade de Biblioteconomia e Documentação de São Carlos, Dona Carminda Nogueira de Castro Ferreira, já nos levava a desbravar o universo literário, o qual meus anseios de jovem ávida pelos poemas, pelos romances melodiosos, embevecia-me ante suas vidas, muitas vezes repletas de dores, sofrimentos, saudades, paixões. Épocas em que apenas em nossas fantasias podíamos contemplar e sermos co-autores de tantas obras que desfilavam durante as magistrais aulas.
Neste livro Marisa resgata em mim o gosto pelas letras, pelas linhas. Os livros bailam ao meu redor, eu que os tive em mãos, delicadamente arranjados nas estantes, milimetricamente etiquetados - Ah! lembranças que se vão e que deixam saudades.
Sinto, agora, forte desejo de também poder ocupar um espaço numa estante de biblioteca, quando a escritora latente esboça suas próprias linhas. Não com a preocupação de ser literatura ao pé da letra, aos moldes acadêmicos, mas tenho sim o gosto de poder me ver envolvida com tantos autores em minhas leituras, sentindo o gosto de recriar sua obra sob um ponto que pode ir além da vista.
Que delícia saber que "discutir literatura é abrir os olhos e ouvidos, e olhar e ouvir em volta, ler livros, meditar sobre as frases pintadas a spray em muros e edifícios da cidade, e fazer a eles a pergunta: o que é literatura?
Saber então que fazemos parte daqueles em que: "seus nomes são desconhecidos, suas obras são difíceis de serem encontradas, não constam das bibliotecas, ninguém fala delas. Eles imprimem às vezes seus próprios livros e não encontram leitores para além da família e dos amigos mais próximos".
Mas, também é bom saber que ainda que não consideradas literatura, como aos moldes estabelecidos, percebemos a satisfação de poder estar aqui contribuindo, para que a palavra seja levada aos quatro cantos, através deste veículo de informação, que tanto facilita aos anônimos não se tornarem tanto anônimos assim, e aos que gostam de escrever, não se sentirem tanto sem leitores, porque é isto que a literatura requer - que haja alguém que a escreva e alguém que a leia, daí ser ou não literatura é somente questão de ser ou não ser.
Sinto, agora, forte desejo de também poder ocupar um espaço numa estante de biblioteca, quando a escritora latente esboça suas próprias linhas. Não com a preocupação de ser literatura ao pé da letra, aos moldes acadêmicos, mas tenho sim o gosto de poder me ver envolvida com tantos autores em minhas leituras, sentindo o gosto de recriar sua obra sob um ponto que pode ir além da vista.
Que delícia saber que "discutir literatura é abrir os olhos e ouvidos, e olhar e ouvir em volta, ler livros, meditar sobre as frases pintadas a spray em muros e edifícios da cidade, e fazer a eles a pergunta: o que é literatura?
Saber então que fazemos parte daqueles em que: "seus nomes são desconhecidos, suas obras são difíceis de serem encontradas, não constam das bibliotecas, ninguém fala delas. Eles imprimem às vezes seus próprios livros e não encontram leitores para além da família e dos amigos mais próximos".
Mas, também é bom saber que ainda que não consideradas literatura, como aos moldes estabelecidos, percebemos a satisfação de poder estar aqui contribuindo, para que a palavra seja levada aos quatro cantos, através deste veículo de informação, que tanto facilita aos anônimos não se tornarem tanto anônimos assim, e aos que gostam de escrever, não se sentirem tanto sem leitores, porque é isto que a literatura requer - que haja alguém que a escreva e alguém que a leia, daí ser ou não literatura é somente questão de ser ou não ser.
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Lajolo, Marisa / Literatura: leitores e leitura / Marisa Lajolo - São Paulo: Moderna, 2011.
Penso que no Brasil o autor mais conhecido é o desconhecido, como citado no livro. Aquele que guarda seus escritos não publica, o grafiteiro, o pichador e o maior de todos o A.D, o autor desconhecido.
ResponderExcluirElvio
Olá caro amigo.
ResponderExcluirMuito bem lembrado.
Obrigada pelas palavras sempre.
Podemos ser desconhecidos, mas nossos escritos não.
Ainda que desconhecido ele bem sabe que é dele que se fala, ainda que por bem ele se cala.
Penso que nós estamos a sair do anonimato.
Inajá... é muito emocionante pra nós, filhos de D. Carminda, ver como ela é lembrada, e com muito carinho e amor, por você...
ResponderExcluirObrigada, Inajá... isso nos faz crer, cada vez mais, como ela foi sábia em suas colocações e como isso ficou gravado nas pessoas que ouviam o que ela dizia!!!!
Com amor, querida!!!! Obrigada mesmo!
Rosa
Rosa
ResponderExcluirQue bom encontrá-la aqui.
Saiba que Dona Carminda jamais é e será esquecida por mim.
Atualmente participo de um projeto para jovens aprendizes, onde tenho a oportunidade de passar informações, momento em que oriento a encontrar nos retalhos que a vida nos proporciona, motivo para tecer colchas durante a jornada.
Foi assim que nossa magistral professora deixou em mim esse incentivo maior.
Jamais me apartei dos retalhos.
Sabe que até já estou a colher frutos, pois alguns se referem eles.
Maravilhosas lembranças.
Um beijo carinhoso. Saudade.