"Na sexta-feira, 12 de junho, acordei às seis horas... Era dia do meu aniversário... corri à sala de estar para desembrulhar meus presentes. O primeiro que me saudou foi você e, possivelmente o melhor de todos... Acho que vamos ser grandes amigos... "
"Quem além de mim mesma, lerá estas cartas?"
"Oh! Quanta coisa ferve dentro de mim..."
"Eis por que, no final, acabo sempre voltando para este meu diário. Aqui começo e aqui termino, porque Kitty está sempre disposta a ouvir-me..."
"Só desejaria poder ver os resultados e também que, de vez em quando, uma pessoa que gostasse de mim me animasse e encorajasse."
Por que eu, Inajá, demorei tanto a te encontrar?
Sabia de sua existência: muitos de ti me falaram. Indicações para sua leitura não me faltaram, mas a curiosidade somente veio agora, decorridos tantos anos.
Estou a ler tuas memórias Anne e me apaixono por tuas palavras, as quais me levam, muitas vezes às lágrimas.
Estamos então em janeiro do ano de 2011. Quanto tempo decorrido entre seus questionamentos e os meus.
Uma vida ceifada aos quinze anos. Uma escritora impotencial que não pudera ver suas palavras encontrarem eco em tantos corações.
Duas amigas fiéis - Miep e Elli - souberam pronunciar palavras de sabedoria, num momento tão crucial, negando o auxílio dedicado ao grupo refugiado da fúria do regime que imperava naquela década de 1940 e eis que seu diário passa de mãos em mãos.
"Tenho muito medo de que as pessoas que me conhecem superficialmente venham a descobrir que possuo um outro lado, melhor, mais bem-cuidado. Receio que riam de mim, que me achem ridícula e sentimental, que não me levem a sério. Estou acostumada a não ser levada a sério..."
E, suas últimas palavras em 1º de agosto de 1944, deixariam um legado para as gerações vindouras, quando seu coraçãozinho de adolescente, nos seus quinze anos deixaria registrado suas preocupações, seus anseios por se auto aperfeiçoar dia-após-dia, mesmo em meio a tanta adversidade.
Anne Frank "pequeno feixe de contradição".
Nisto é que você se tornou!...
E continuo tentando encontrar a maneira de ser como desejo ser, como poderia ser, se... se não houvesse mais ninguém vivo neste mundo...
Anne Frank vive.
Anne Frank vive.
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Frank, Anne. O diário de Anne Frank / Anne Frank. tradução de Elia Ferreira Edel. Circulo do Livro, 1974.
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