Entre os livros que discutem, justamente, o "fim do livro", o melhor, em português, até agora, tem sido Não contem com o fim do livro (Record, 2010), transcrevendo conversações entre Umberto Eco e Jean-Claude Carrière, que trabalhou com Luis Buñuel e Peter Brook. A presença do semiólogo e autor de O Nome da Rosa (1980) e O Pêndulo de Foucault (1988) se justifica, afinal, Eco tem sido um dos principais eruditos a discutir o fenômeno da internet desde o início. Já Carrière, embora homem de teatro e de cinema, tem uma bagagem literária invejável e, ao contrário do que poderia parecer, não defende a "civilização de imagens" preconizada por McLuhan. Fora que o título do volume, ainda que chame a atenção nas livrarias, não corresponde ao seu conteúdo com precisão. Contrariando, mais uma vez, as expectativas, não se trata de um libelo contra os novos "leitores eletrônicos", da Amazon e da Apple, nem mesmo de uma visão apocalíptica sobre a ascensão do Google, ou mesmo de um ataque à suposta "literatura" (ou ao suposto "jornalismo") praticado em blogs. Não contem com o fim do livro, à maneira de Borges, faz uma belíssima defesa da leitura, da cultura e da civilização, abordando o livro como objeto, mas também com conceito e como ferramenta humana, imperecível, na visão de Eco. Séculos ou até milênios de História desfilam nas conversas entre Carrière e o semiólogo, num nível que a própria discussão, avançadíssima, sobre os formatos eletrônicos para leitura, nos EUA, ainda não alcançou. É o velho continente – e, não, o novo – discutindo o que os suportes digitais significam para o Homem, no sentido mais amplo, e, não, para os jornalistas, escritores oupublishers. Talvez as elucubrações de Eco e Carrière não alterem em nada o curso da tecnologia, mas sua perspectiva é fundamental em termos humanísticos. Não contem com o fim do livro deve, portanto, ser lido tanto por quem ama os livros quanto por quem já se acostumou à ideia do desaparecimento do objeto físico "livro".
O que é um livro? Para mim o livro é a extensão mental do leitor. Não importa se é de papel, importa sim é seu papel, o conhecimento levado ao desconhecido. O livro sobreviverá sempre. definições à parte.
ResponderExcluirSim querido amigo e leitor de tão boas horas
ResponderExcluirEnquanto houver quem se dedique a editar, quem se dedique a comprar, quem se dedique a ler, o livro sempre terá seu papel. Embora a tecnologia compactue a nosso favor, não há como deixar de querer possuir um livro em mãos. Sentir seu cheiro, escrever em suas margens, grifar frases que nos calam fundo alma.
Livros não há limites para se fazê-los, assim, ainda teremos muito tempo para aproveitá-los.
Obrigada pelas palavras.
O computador tem relógio, o celular também, só por isto os relógios de pulso, despertadores e as catedrais retirariam seus relógios? Assim como o livro terão que sair das bibliotecas?"
ResponderExcluirElanklever